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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A casa meio indiana


Professor, tenho de lhe mostrar uma coisa que vai gostar, disse-me aqui há dias com voz doce uma ex-aluna minha. Quanto tenho algum tempo ponho-me a mexer nisto. Olhe que é melhor do que aqueles trabalhos que põe no facebook. Quer ver? Claro. Abri o ficheiro e deparei com este work in progress, definido pela autora como algo em que ia mexendo quando podia, por isso é que está tão incompleto. Elogiei a escadaria, mas depressa fui obrigado a prestar atenção à cozinha. Note o pormenor do fogão, stor. Notei e sorri. Pista: digamos que é um fogão com browser incluído. Para consultar melhor as receitas. Como andou a brincar com as ferramentas de traçagem de arcos designou o trabalho de casa meio indiana.


Recordo-me da intensidade do trabalho que esta minha ex-aluna desenvolveu no ano passado. Tinha - e tem, um gosto invejável em criar em 3D os mais elaborados pormenores e com um curioso sentido de espaço. A ferramenta de eleição foi o Sketchup. Infelizmente está a repetir o nono ano, agora já sem aulas de TIC. Há aqueles alunos simpáticos e extremamente dotados para algumas áreas que se perdem no generalismo do ensino básico. Esta não perdeu o interesse nem a capacidade de criar nestas ferramentas. E lá confessou que se isto da arquitectura no computador é assim tão giro acho que quero ser arquitecta. Disse-lhe que o CAD é um pouco mais difícil. Mas também lhe disse que para quem gosta, isso não é obstáculo.

Estas recompensas não têm valor financeiro. Mas são aquelas que dão força para continuar. Não é para todos, é certo, mas saber que se conseguiu despertar um interesse num aluno para lá da sala de aula é sinal de aposta ganha.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Ideias


Então estão sem ideias, perguntei a um grupo de alunas que quer fazer o seu projecto final de TIC em Sketchup. Pois, realmente iam trabalhando mas estavam sem saber o que fazer. E porque não recriar um monumento? Uma das alunas teve a pouco feliz ideia de sugerir um castelo. Fez-se uma pesquisa rápida e começaram a torcer o nariz. Stor, isto é difícil. Não conseguimos fazer... ou talvez sim. Escolhi um daqueles castelos draculóides com toque de conto de fadas, sentei-me frente ao computador delas e disse-lhes que o que parece difícil se calhar não o é. Basta pensar de forma modular e quebrar a forma complexa em elementos mais simples. Depois, repete-se, posiciona-se, deforma-se. Como montar um objecto com legos, mas usando apenas geometria. Tal como disse tal como fiz... e este castelo foi-se construindo a partir de pequenos módulos. Não é uma atitude muito pedagógica. Dizem as cartilhas que devem ser os alunos a encontrar solução para os obstáculos. Mas por vezes faz bem simplesmente mostrar como se faz. Ajuda a perceber melhor os processos de criação e a ultrapassar obstáculos simples mas que podem parecer inultrapassáveis. Gostei do olhar intrigado das alunas e das expressões de ah, afinal se... basta copiar... e colocar ali... ah, pois...!


E pronto. Com seis elementos se constrói um castelo de fadas. Ou de vampiros. Visualmente o que separa os palácios dos contos de fadas dos antros de vampiros é que os primeiros são luminosos e os segundos levemente em ruínas. 

Pausa


Quase a entrar nas férias de natal os alunos ainda arranjam tempo para iniciar os projectos finais. Os magos do Minecraft atarefam-se a recriar os seus castelos.


Os crânios do Sketchup começam a esmiuçar os mais pequenos detalhes das suas visões arquitectónicas.


Os gamers do Scratch vão aumentando a complexidade dos seus projectos. Os videógrafos dedicam-se à pesquisa de clips para remisturar. Entretanto termina a aula, aproxima-se a necessária pausa para descansar um pouco, reflectir sobre o que se aprendeu e estruturar ideias.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Projectos Multimédia (I)

marco from aevp on Sketchfab.

Nesta última semana do 1.º Período os alunos estão a começar os seus projectos finais. Após os desafios da Hour of Code, claro. Para já começam a surgir trabalhos complexos em Sketchup.


Um aluno de oitavo está a aplicar os seus consideráveis conhecimentos da aplicação para criar a sua casa de sonho. Como a sua atenção aos pormenores é considerável estou muito intrigado com os resultados.


Já neste caso suspeito que o aluno, de sétimo, esteja a preparar algo em grande. Como sei que é adepto de veículos e construções, tenho a sensação que vai sair daqui mundo virtual. A ver vamos.

Hour of Code (III)


A finalizar o Hour of Code com os alunos de TIC. Para hoje estavam agendadas uma turma de sétimo ano e uma de oitavo. Para estes últimos a hora do código já não trouxe novidades, habituados como estão ao Scratch.


Terminado o primeiro desafio, começa a busca de outros. O Processing parecia prometedor mas os tutoriais em inglês desmotivaram os alunos afoitos.


Já o Tynker, por outro lado, divertiu imenso alguns alunos.


Podemos passar os desafios sozinhos ou colaborar, trocando ideias e possíveis soluções.


Ou então... podemos ignorar que é suposto prosseguir um caminho de descoberta e aprendizagem passo a passo. Em vez de começar no início, começar pelo fim. E conseguir. E repetir mais quatro vezes, porque da segunda a aluna não se recordava como é que tinha conseguido, à terceira foi para mostrar ao professor e à quarta só porque sim. Dá prazer começar pelo mais difícil e ser bem sucedido.


Não poderiam faltar as duas alunas especiais que têm partilhado as aulas de TIC dos alunos do 7.º B.

De repente, um grito seguido de bater de palmas: consegui! Percebi isto!. Ou ó professor, isto é muita fácil dito por um dos ases do Scratch que depois me informa que o projecto final do seu grupo será um jogo que irá conter moedas, vários níveis e diferentes vidas. E ainda querem encontrar forma de quando se perder todo o ecrã ficar ocupado por um game over. Estão a pedir-me autorização ou a informar-me, perguntei. A informar, stor. Precisamente. É isso o que pretendo.

Do que mais gostei de observar na participação dos alunos nesta Hour of Code foi um certo brilho nos olhos, revelador de forte actividade mental - os desafios progressivos obrigam a muito raciocínio lógico e resolução de problemas, mas também mostrando o prazer que dá a interactividade de um tipo de trabalho em que o pensamento se traduz em acção no ecrã num ciclo que se reforça a cada novo passo. O interesse ficou desperto. Alguns alunos levarão certamente mais longe esta experiência. Ou pelo menos assim me disseram. Agora resta consolidar. Os de 8.º ano já estão a trabalhar em Scratch e muitos escolheram-no para criar os projectos de final de semestre. Os de 7.º ficaram de consciência desperta e tiveram um vislumbre do que os espera no próximo ano.

Mesmo assim tive um aluno que depois de chegar com sucesso (e brilhantismo) ao final do desafio confessou um ufa! finalmente! quando o autorizei a continuar o seu projecto final. Arranca alegremente o Sketchup e prossegue com afinco a construir edifícios virtuais em 3D. Este pequeno momento sublinha a diversidade de interesses das crianças que formam as turmas e como aquilo que fascina uns deixa outros indiferentes... e vice versa.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Hour of Code (II)





Ó professor, afinal aqueles desafios não eram assim tão difíceis, disseram-me depois de uma aula que terminei dizendo aos alunos que esperava que eles não tivessem ficado a abominar os vislumbres da programação. Não me pareceu que tivessem ficado, pelos comentários entusiasmados enquanto desafio a desafio evoluíam nos níveis de complexidade da actividade. Sorriso nos lábios, olhar focalizado e expressão cerrada de quem está a pensar em alta velocidade é a expressão que mais recordo de ver nesta turma de 7. Ano que hoje trocou o 3D pela introdução à programação. Que fixe! Este foi complicado! O que é que estou a fazer mal para... ah, espere, já percebi! foi o que mais se ouviu esta manhã até ao inevitável olha, cheguei ao fim. O lado puzzle labiríntico dos desafios que vão conduzindo a níveis de complexidade progressiva seduziu os alunos que participaram nesta sessão da semana dedicada à Hour of Code. A parte chata? É que hoje não tenho imaginativas criações 3D para ficar deslumbrado. Se bem que alguns aproveitaram o tempo disponível no final do desafio para mexer um bocadinho no Sketchup. Deviam pensar que não os via mas topei-os...

Posso fazer isto fora da escola, perguntou-me um dos alunos de ontem. Podes, respondi, mas prefiro fazer aqui na sala, é mais divertido, disse-me. E olhe, stor, tem que desafiar mais o XXXX, porque ele é ganda génio e foi ele que me ajudou a chegar ao fim. Ele gosta destas coisas...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Aos tiros



Era inevitável. Quando o eterno pré-adolescente que reside dentro de mim se começa a perguntar e será que se consegue fazer um jogo tipo tiro neles usando o scratch há sempre um aluno que alinha na sanidade duvidosa. Ou dois. Ou três. Este está em variante trabalho em progresso, mas gosto do pormenor da chama sempre que clicamos com o rato para eliminar os sapos ninja.


Quem diz FPS também diz jogo de artilharia. Sabe bem ser levemente anti-pedagógico e puxar pelo lado da violência mediatizada banalizado nos jogos. A minha introdução ao computador foi feita a aniquilar com extremo prejuízo os horrendos alienígenas do clássico Doom. A moto-serra e a caçadeira eram as armas favoritas mas para livrar o meu space marine de apuros nada como a rail gun ou o lança mísseis. Não foi por isso que me tornei um violento psicopata e não será por descarregar energias em modo rapazes serão rapazes com fantasias violentas que as crianças de hoje ficarão insensíveis. Diga-se que os alunos responsáveis por estes projectos de jogos de tiros andaram a cuscar online tutoriais e vídeos para perceber como fazer. Sempre que ouço diatribes sobre a influência perniciosa dos jogos violentos na mente das crianças recordo-me que disseram quase o mesmo sobre um romance de Goethe, reputado inspirador de suicídios de jovens aspirantes a mártires da época romântica.


Pontaria precisa-se, que ideias não faltam.

Pedra sobre pedra.



Um dos alunos do 8.º A está a trabalhar com muito afinco num palácio utilizando o Minecraft como ferramenta de modelação 3D.


A partir de referências fotográficas vai construindo meticulosamente o seu edifício virtual.


Literalmente, está a trabalhar pedra sobre pedra. Um rendering no Bryce já mostra como é que está a ficar o trabalho.

Hour of Code (I)








A melhor fotografia não posso mostrar, por razões de privacidade individual. Mostra um dos alunos do 8.º A, orgulhoso ao lado do monitor do PC depois de ter terminado a sua aventura pela hora de código. Começou a semana e começou a nossa participação neste evento. Aos alunos de 8.º ano está a ser proposto o desafio de completar os níveis das actividades de iniciação à programação. Algo que para alunos que já se habituaram ao Scratch foi bastante fácil. A reacção foi entusiástica e durante o tempo de aula iam competindo e partilhando dicas para avançar ao longo dos níveis de actividade. Os mais rápidos ainda tiveram tempo para continuar os seus jogos em Scratch ou, num caso muito específico e motivado, prosseguir a criação de um modelo complexo no Minecraft. Relaxante, depois do desafio mental da Hour of Code.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Game On!



Os jogos vão-se complicando. Alguns dos alunos despertaram a criatividade e estão a levar mais longe os seus projectos.



Passo a passo, aula a aula, o acumular de experiências reflecte-se na capacidade criativa dos alunos. O Scratch tem este condão de despertar interesses e focalizar neurónios.



Mas... diversidade é um dos alicerces da abordagem do 3DAlpha. Se alguns alunos estão a investir arduamente em Scratch, outros exploram o 3D e o vídeo. E daí não vem mal ao mundo. Depois de assegurar alguma uniformidade na exploração de diferentes vertentes das tecnologias digitais é chegado o momento de libertar os alunos e deixá-los aprofundar aquilo que mais lhes desperta o interesse. Da primeira recolha de intenções de trabalho final multimédia já me apercebi que jogos em scratch, edição de vídeos e modelação 3D no Sketchup vão constituir os projectos dos alunos. Um já me perguntou se era possível inserir vídeos no Sketchup. "Imagine, professor, que eu queria meter um vídeo a passar enquanto se anda dentro da casa..."

Possibilidades. Gosto de pensar que é isso que mostro aos meus alunos. De acelerar um processo inevitável de descoberta nos mais curiosos e abrir horizontes aos restantes. Dar vislumbres, introduzir, desmistificar o que parece inacessível. E depois cada um prossegue o seu caminho, de acordo com os seus interesses. Espero estar a contribuir para que estes alunos descubram novos interesses...




Portabilidade


Com o aproximar do final do 1.º período e do final do semestre os alunos começam a preparar os seus projectos finais. Enquanto vão alinhando ideias o tempo vai sendo aproveitado para aprofundar conhecimentos e processos de trabalho. 




A interoperabilidade entre aplicações é um dos conceitos mais importantes no trabalho com 3D. Quando se trabalha com programas especializados perceber que se pode transportar modelos entre diferentes aplicações utilizando formatos comuns permite um salto qualitativo na criatividade. Cada programa pode ser explorado pelo que possibilita de fazer melhor, transportando modelos entre aplicações conforme os objectivos de trabalho.


Nesta abordagem o mais usual é tirar partido dos recursos e simplicidade do DogaL3 para criar objectos complexos, que depois são texturizados e renderizados em Bryce como  imagem ou animação. Quanto aos projectos finais, um número significativo de alunos está interessado em criar espaços virtuais tridimensionais, o que obriga a combinar diferentes aplicações para desenvolver os projectos. Primeiro está a ideia. Depois adaptam-se os meios de criação.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Hour of Code


Para a semana vamos dedicar as aulas de oitavo ano integralmente ao Scratch. Se houver tempo também tentaremos que os alunos de sétimo e CEF tenham uma primeira experiência com este tipo de abordagem à programação. O objectivo é participar na Hour of Code, promovida pela Computer Science Education Week, juntando os alunos do Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro a tantos outros por esse mundo fora que vão dedicar umas horas do seu currículo a reflectir sobre a importância do programar e a experimentar mexer em linhas de código. Colocando a coisa em modo mais scifi, dar uns vislumbres de como se acede à matriz. Enter the matrix?


A sala de aula já tem um cantinho reservado.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Game on


Quando recebo mensagens destas sei que os meus objectivos estão a ser cumpridos. Mais do que ensinar crianças a utilizar computadores interessa-me despertá-los para as potencialidades criativas dos meios digitais. Simplificar o que parece complicado, abrir horizontes, mostrar possibilidades para além do uso do computador como ferramenta de consumo de conteúdos. E, no fundo, acelerar um processo de apropriação individualizada que muitos dos que são agora alunos já estão a fazer em plataformas sociais que lhes permitem exprimir as suas ideias, experiências e sentimentos (porque, enfim, são adolescentes). Quando um aluno mostra interesse para lá do espaço da aula significa que as técnicas ou ferramentas adquiriram importância suficiente para competir no superlotado espaço de atenção. Para alguns alunos o Scratch ou o 3D competem e ganham a outras ofertas culturais e lúdicas. Não todos, porque cada um é como cada qual, tem os seus interesses e desenvolver-se-á nas vertentes que escolher. Felizmente somos todos diferentes.

 Se isto acontece, é porque estão a fazer algo que gostam e os desafia. É esse um dos objectivos deste projecto. Dar algo a todos, mostrar as bases, e possibilitar que aqueles que tenham maior apetência despertem um pouco mais cedo os seus talentos com estes empurrões.

Entretanto, que tal uns joguinhos?


Os alunos do 8.º B foram na última aula as primeiras vítimas das alterações que têm sido feitas à rede da escola, que possibilitam agora que todos os alunos utilizem os meios informáticos com credenciais individuais, espaços personalizados e uma pequena cloud para arquivar os seus ficheiros. Não tiveram tanto tempo como o desejável para desenvolver os seus projectos, mas mesmo com condicionantes de tempo alguns surpreenderam.


Por isso, let's play?