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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A casa meio indiana


Professor, tenho de lhe mostrar uma coisa que vai gostar, disse-me aqui há dias com voz doce uma ex-aluna minha. Quanto tenho algum tempo ponho-me a mexer nisto. Olhe que é melhor do que aqueles trabalhos que põe no facebook. Quer ver? Claro. Abri o ficheiro e deparei com este work in progress, definido pela autora como algo em que ia mexendo quando podia, por isso é que está tão incompleto. Elogiei a escadaria, mas depressa fui obrigado a prestar atenção à cozinha. Note o pormenor do fogão, stor. Notei e sorri. Pista: digamos que é um fogão com browser incluído. Para consultar melhor as receitas. Como andou a brincar com as ferramentas de traçagem de arcos designou o trabalho de casa meio indiana.


Recordo-me da intensidade do trabalho que esta minha ex-aluna desenvolveu no ano passado. Tinha - e tem, um gosto invejável em criar em 3D os mais elaborados pormenores e com um curioso sentido de espaço. A ferramenta de eleição foi o Sketchup. Infelizmente está a repetir o nono ano, agora já sem aulas de TIC. Há aqueles alunos simpáticos e extremamente dotados para algumas áreas que se perdem no generalismo do ensino básico. Esta não perdeu o interesse nem a capacidade de criar nestas ferramentas. E lá confessou que se isto da arquitectura no computador é assim tão giro acho que quero ser arquitecta. Disse-lhe que o CAD é um pouco mais difícil. Mas também lhe disse que para quem gosta, isso não é obstáculo.

Estas recompensas não têm valor financeiro. Mas são aquelas que dão força para continuar. Não é para todos, é certo, mas saber que se conseguiu despertar um interesse num aluno para lá da sala de aula é sinal de aposta ganha.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Ideias


Então estão sem ideias, perguntei a um grupo de alunas que quer fazer o seu projecto final de TIC em Sketchup. Pois, realmente iam trabalhando mas estavam sem saber o que fazer. E porque não recriar um monumento? Uma das alunas teve a pouco feliz ideia de sugerir um castelo. Fez-se uma pesquisa rápida e começaram a torcer o nariz. Stor, isto é difícil. Não conseguimos fazer... ou talvez sim. Escolhi um daqueles castelos draculóides com toque de conto de fadas, sentei-me frente ao computador delas e disse-lhes que o que parece difícil se calhar não o é. Basta pensar de forma modular e quebrar a forma complexa em elementos mais simples. Depois, repete-se, posiciona-se, deforma-se. Como montar um objecto com legos, mas usando apenas geometria. Tal como disse tal como fiz... e este castelo foi-se construindo a partir de pequenos módulos. Não é uma atitude muito pedagógica. Dizem as cartilhas que devem ser os alunos a encontrar solução para os obstáculos. Mas por vezes faz bem simplesmente mostrar como se faz. Ajuda a perceber melhor os processos de criação e a ultrapassar obstáculos simples mas que podem parecer inultrapassáveis. Gostei do olhar intrigado das alunas e das expressões de ah, afinal se... basta copiar... e colocar ali... ah, pois...!


E pronto. Com seis elementos se constrói um castelo de fadas. Ou de vampiros. Visualmente o que separa os palácios dos contos de fadas dos antros de vampiros é que os primeiros são luminosos e os segundos levemente em ruínas. 

Pausa


Quase a entrar nas férias de natal os alunos ainda arranjam tempo para iniciar os projectos finais. Os magos do Minecraft atarefam-se a recriar os seus castelos.


Os crânios do Sketchup começam a esmiuçar os mais pequenos detalhes das suas visões arquitectónicas.


Os gamers do Scratch vão aumentando a complexidade dos seus projectos. Os videógrafos dedicam-se à pesquisa de clips para remisturar. Entretanto termina a aula, aproxima-se a necessária pausa para descansar um pouco, reflectir sobre o que se aprendeu e estruturar ideias.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Projectos Multimédia (I)

marco from aevp on Sketchfab.

Nesta última semana do 1.º Período os alunos estão a começar os seus projectos finais. Após os desafios da Hour of Code, claro. Para já começam a surgir trabalhos complexos em Sketchup.


Um aluno de oitavo está a aplicar os seus consideráveis conhecimentos da aplicação para criar a sua casa de sonho. Como a sua atenção aos pormenores é considerável estou muito intrigado com os resultados.


Já neste caso suspeito que o aluno, de sétimo, esteja a preparar algo em grande. Como sei que é adepto de veículos e construções, tenho a sensação que vai sair daqui mundo virtual. A ver vamos.

Hour of Code (III)


A finalizar o Hour of Code com os alunos de TIC. Para hoje estavam agendadas uma turma de sétimo ano e uma de oitavo. Para estes últimos a hora do código já não trouxe novidades, habituados como estão ao Scratch.


Terminado o primeiro desafio, começa a busca de outros. O Processing parecia prometedor mas os tutoriais em inglês desmotivaram os alunos afoitos.


Já o Tynker, por outro lado, divertiu imenso alguns alunos.


Podemos passar os desafios sozinhos ou colaborar, trocando ideias e possíveis soluções.


Ou então... podemos ignorar que é suposto prosseguir um caminho de descoberta e aprendizagem passo a passo. Em vez de começar no início, começar pelo fim. E conseguir. E repetir mais quatro vezes, porque da segunda a aluna não se recordava como é que tinha conseguido, à terceira foi para mostrar ao professor e à quarta só porque sim. Dá prazer começar pelo mais difícil e ser bem sucedido.


Não poderiam faltar as duas alunas especiais que têm partilhado as aulas de TIC dos alunos do 7.º B.

De repente, um grito seguido de bater de palmas: consegui! Percebi isto!. Ou ó professor, isto é muita fácil dito por um dos ases do Scratch que depois me informa que o projecto final do seu grupo será um jogo que irá conter moedas, vários níveis e diferentes vidas. E ainda querem encontrar forma de quando se perder todo o ecrã ficar ocupado por um game over. Estão a pedir-me autorização ou a informar-me, perguntei. A informar, stor. Precisamente. É isso o que pretendo.

Do que mais gostei de observar na participação dos alunos nesta Hour of Code foi um certo brilho nos olhos, revelador de forte actividade mental - os desafios progressivos obrigam a muito raciocínio lógico e resolução de problemas, mas também mostrando o prazer que dá a interactividade de um tipo de trabalho em que o pensamento se traduz em acção no ecrã num ciclo que se reforça a cada novo passo. O interesse ficou desperto. Alguns alunos levarão certamente mais longe esta experiência. Ou pelo menos assim me disseram. Agora resta consolidar. Os de 8.º ano já estão a trabalhar em Scratch e muitos escolheram-no para criar os projectos de final de semestre. Os de 7.º ficaram de consciência desperta e tiveram um vislumbre do que os espera no próximo ano.

Mesmo assim tive um aluno que depois de chegar com sucesso (e brilhantismo) ao final do desafio confessou um ufa! finalmente! quando o autorizei a continuar o seu projecto final. Arranca alegremente o Sketchup e prossegue com afinco a construir edifícios virtuais em 3D. Este pequeno momento sublinha a diversidade de interesses das crianças que formam as turmas e como aquilo que fascina uns deixa outros indiferentes... e vice versa.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Hour of Code (II)





Ó professor, afinal aqueles desafios não eram assim tão difíceis, disseram-me depois de uma aula que terminei dizendo aos alunos que esperava que eles não tivessem ficado a abominar os vislumbres da programação. Não me pareceu que tivessem ficado, pelos comentários entusiasmados enquanto desafio a desafio evoluíam nos níveis de complexidade da actividade. Sorriso nos lábios, olhar focalizado e expressão cerrada de quem está a pensar em alta velocidade é a expressão que mais recordo de ver nesta turma de 7. Ano que hoje trocou o 3D pela introdução à programação. Que fixe! Este foi complicado! O que é que estou a fazer mal para... ah, espere, já percebi! foi o que mais se ouviu esta manhã até ao inevitável olha, cheguei ao fim. O lado puzzle labiríntico dos desafios que vão conduzindo a níveis de complexidade progressiva seduziu os alunos que participaram nesta sessão da semana dedicada à Hour of Code. A parte chata? É que hoje não tenho imaginativas criações 3D para ficar deslumbrado. Se bem que alguns aproveitaram o tempo disponível no final do desafio para mexer um bocadinho no Sketchup. Deviam pensar que não os via mas topei-os...

Posso fazer isto fora da escola, perguntou-me um dos alunos de ontem. Podes, respondi, mas prefiro fazer aqui na sala, é mais divertido, disse-me. E olhe, stor, tem que desafiar mais o XXXX, porque ele é ganda génio e foi ele que me ajudou a chegar ao fim. Ele gosta destas coisas...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Aos tiros



Era inevitável. Quando o eterno pré-adolescente que reside dentro de mim se começa a perguntar e será que se consegue fazer um jogo tipo tiro neles usando o scratch há sempre um aluno que alinha na sanidade duvidosa. Ou dois. Ou três. Este está em variante trabalho em progresso, mas gosto do pormenor da chama sempre que clicamos com o rato para eliminar os sapos ninja.


Quem diz FPS também diz jogo de artilharia. Sabe bem ser levemente anti-pedagógico e puxar pelo lado da violência mediatizada banalizado nos jogos. A minha introdução ao computador foi feita a aniquilar com extremo prejuízo os horrendos alienígenas do clássico Doom. A moto-serra e a caçadeira eram as armas favoritas mas para livrar o meu space marine de apuros nada como a rail gun ou o lança mísseis. Não foi por isso que me tornei um violento psicopata e não será por descarregar energias em modo rapazes serão rapazes com fantasias violentas que as crianças de hoje ficarão insensíveis. Diga-se que os alunos responsáveis por estes projectos de jogos de tiros andaram a cuscar online tutoriais e vídeos para perceber como fazer. Sempre que ouço diatribes sobre a influência perniciosa dos jogos violentos na mente das crianças recordo-me que disseram quase o mesmo sobre um romance de Goethe, reputado inspirador de suicídios de jovens aspirantes a mártires da época romântica.


Pontaria precisa-se, que ideias não faltam.

Pedra sobre pedra.



Um dos alunos do 8.º A está a trabalhar com muito afinco num palácio utilizando o Minecraft como ferramenta de modelação 3D.


A partir de referências fotográficas vai construindo meticulosamente o seu edifício virtual.


Literalmente, está a trabalhar pedra sobre pedra. Um rendering no Bryce já mostra como é que está a ficar o trabalho.

Hour of Code (I)








A melhor fotografia não posso mostrar, por razões de privacidade individual. Mostra um dos alunos do 8.º A, orgulhoso ao lado do monitor do PC depois de ter terminado a sua aventura pela hora de código. Começou a semana e começou a nossa participação neste evento. Aos alunos de 8.º ano está a ser proposto o desafio de completar os níveis das actividades de iniciação à programação. Algo que para alunos que já se habituaram ao Scratch foi bastante fácil. A reacção foi entusiástica e durante o tempo de aula iam competindo e partilhando dicas para avançar ao longo dos níveis de actividade. Os mais rápidos ainda tiveram tempo para continuar os seus jogos em Scratch ou, num caso muito específico e motivado, prosseguir a criação de um modelo complexo no Minecraft. Relaxante, depois do desafio mental da Hour of Code.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Game On!



Os jogos vão-se complicando. Alguns dos alunos despertaram a criatividade e estão a levar mais longe os seus projectos.



Passo a passo, aula a aula, o acumular de experiências reflecte-se na capacidade criativa dos alunos. O Scratch tem este condão de despertar interesses e focalizar neurónios.



Mas... diversidade é um dos alicerces da abordagem do 3DAlpha. Se alguns alunos estão a investir arduamente em Scratch, outros exploram o 3D e o vídeo. E daí não vem mal ao mundo. Depois de assegurar alguma uniformidade na exploração de diferentes vertentes das tecnologias digitais é chegado o momento de libertar os alunos e deixá-los aprofundar aquilo que mais lhes desperta o interesse. Da primeira recolha de intenções de trabalho final multimédia já me apercebi que jogos em scratch, edição de vídeos e modelação 3D no Sketchup vão constituir os projectos dos alunos. Um já me perguntou se era possível inserir vídeos no Sketchup. "Imagine, professor, que eu queria meter um vídeo a passar enquanto se anda dentro da casa..."

Possibilidades. Gosto de pensar que é isso que mostro aos meus alunos. De acelerar um processo inevitável de descoberta nos mais curiosos e abrir horizontes aos restantes. Dar vislumbres, introduzir, desmistificar o que parece inacessível. E depois cada um prossegue o seu caminho, de acordo com os seus interesses. Espero estar a contribuir para que estes alunos descubram novos interesses...




Portabilidade


Com o aproximar do final do 1.º período e do final do semestre os alunos começam a preparar os seus projectos finais. Enquanto vão alinhando ideias o tempo vai sendo aproveitado para aprofundar conhecimentos e processos de trabalho. 




A interoperabilidade entre aplicações é um dos conceitos mais importantes no trabalho com 3D. Quando se trabalha com programas especializados perceber que se pode transportar modelos entre diferentes aplicações utilizando formatos comuns permite um salto qualitativo na criatividade. Cada programa pode ser explorado pelo que possibilita de fazer melhor, transportando modelos entre aplicações conforme os objectivos de trabalho.


Nesta abordagem o mais usual é tirar partido dos recursos e simplicidade do DogaL3 para criar objectos complexos, que depois são texturizados e renderizados em Bryce como  imagem ou animação. Quanto aos projectos finais, um número significativo de alunos está interessado em criar espaços virtuais tridimensionais, o que obriga a combinar diferentes aplicações para desenvolver os projectos. Primeiro está a ideia. Depois adaptam-se os meios de criação.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Hour of Code


Para a semana vamos dedicar as aulas de oitavo ano integralmente ao Scratch. Se houver tempo também tentaremos que os alunos de sétimo e CEF tenham uma primeira experiência com este tipo de abordagem à programação. O objectivo é participar na Hour of Code, promovida pela Computer Science Education Week, juntando os alunos do Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro a tantos outros por esse mundo fora que vão dedicar umas horas do seu currículo a reflectir sobre a importância do programar e a experimentar mexer em linhas de código. Colocando a coisa em modo mais scifi, dar uns vislumbres de como se acede à matriz. Enter the matrix?


A sala de aula já tem um cantinho reservado.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Game on


Quando recebo mensagens destas sei que os meus objectivos estão a ser cumpridos. Mais do que ensinar crianças a utilizar computadores interessa-me despertá-los para as potencialidades criativas dos meios digitais. Simplificar o que parece complicado, abrir horizontes, mostrar possibilidades para além do uso do computador como ferramenta de consumo de conteúdos. E, no fundo, acelerar um processo de apropriação individualizada que muitos dos que são agora alunos já estão a fazer em plataformas sociais que lhes permitem exprimir as suas ideias, experiências e sentimentos (porque, enfim, são adolescentes). Quando um aluno mostra interesse para lá do espaço da aula significa que as técnicas ou ferramentas adquiriram importância suficiente para competir no superlotado espaço de atenção. Para alguns alunos o Scratch ou o 3D competem e ganham a outras ofertas culturais e lúdicas. Não todos, porque cada um é como cada qual, tem os seus interesses e desenvolver-se-á nas vertentes que escolher. Felizmente somos todos diferentes.

 Se isto acontece, é porque estão a fazer algo que gostam e os desafia. É esse um dos objectivos deste projecto. Dar algo a todos, mostrar as bases, e possibilitar que aqueles que tenham maior apetência despertem um pouco mais cedo os seus talentos com estes empurrões.

Entretanto, que tal uns joguinhos?


Os alunos do 8.º B foram na última aula as primeiras vítimas das alterações que têm sido feitas à rede da escola, que possibilitam agora que todos os alunos utilizem os meios informáticos com credenciais individuais, espaços personalizados e uma pequena cloud para arquivar os seus ficheiros. Não tiveram tanto tempo como o desejável para desenvolver os seus projectos, mas mesmo com condicionantes de tempo alguns surpreenderam.


Por isso, let's play?

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Dia de...


E hoje foi dia de... aprofundar conhecimentos de 3D com o 7.º ano. O objectivo era perceber como podemos transpor objectos criados num programa para tratamento noutro através da exportação e importação de ficheiros em formatos comuns. De caminho ainda ficaram a conhecer mundos virtuais, avatares e como criar pequenos filmes de animação


Especificamente, os alunos foram desafiados a criar objectos em DogaL3 para posterior tratamento de texturização criação de cenas no Bryce. E já estão a surgir umas ideias promissoras.


O próximo passo é começar a definir projectos de final de semestre. Estou curioso com as propostas que estes alunos terão.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Animação, anatomia e gosto pela criação

sofia from aevp on Sketchfab.

Aproxima-se o final do 1.º período e com ele da fase de aprendizagem elementar de aplicações que possibilitarão aos alunos o elaborar dos seus projectos finais. Numa das turmas fugi um pouco à metodologia estabelecida e lancei-lhes um desafio: criar colaborativamente um ambiente virtual tridimensional, embora mantendo a liberdade de cada aluno apresentar propostas individuais.


Em discussão surgiu a ideia de criar um espaço recorrendo a elementos no Sketchup e no Doga (e também Bryce, mas ainda não lhes disse isso) e, como me disseram, NPCs espalhados pelo "jogo" (NPCs - non player characters, são os personagens de jogo com scripts automatizados que interagem com os jogadores). Foi um bom ponto de partida para os introduzir à manipulação e animação de modelos humanóides com o Avatar Studio. Este é um programa antigo mas de fácil utilização e surpreendentemente poderoso para criação de avatares personalizados em VRML


Não é preciso muito tempo para que os alunos comecem a manipular proporções corporais e adereços. É a animação de movimentos o que mais os interessa, depois de passarem a pouco cómoda fase em que se apercebem que estão a trabalhar com modelos anatomicamente correctos de figuras masculinas e femininas.


Para terminar, a surpresa. Há alunos que dão nas vistas pelo seu comportamento, outros que atraem a atenção pelas perguntas que fazem e solicitações para ir um pouco mais além. E depois temos outros que se sentam frente ao computador, vão trabalhando em silêncio com um sorriso nos lábios, ajudando pontualmente os colegas do lado. Dá-se por eles de relance enquanto se acompanha os trabalhos, pensa-se olha que estão ali coisas giras, mas os restantes pedem ajuda ou sugestões e acabamos por esquecer estes mais discretos. Mais tarde ao fazer a ronda regular pelas pastas partilhadas no servidor olhamos com olhos de ver para o trabalho destes cuidadosos alunos e o queixo cai. Vemos interesse, criatividade, gosto e uma dedicação ao aperfeiçoamento de trabalhos de iniciação que geram resultados visualmente atraentes. É o caso da simpática aluna que criou este avatar luminoso e que tem consistentemente feito trabalhos que mostram talentos latentes e um gosto pelo processo criativo.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Atrevimentos e pensamentos palpáveis



Vão ter de me perdoar pela simplicidade destes projectos incompletos. São registos de um primeiro passo, quer meu quer dos alunos, e surpreenderam-me pela facilidade com que estes depressa ultrapassaram o pouco que lhes podia ensinar. Atingiram aquele que é o meu principal objectivo: criar, com autonomia, em meios digitais.


São jogos, baseados numa experiência que fiz em formação e que levei directamente para a sala de aula. Fiquei espantado pela capacidade que a maior parte dos alunos teve em ir mais além do pedido. A ideia era criar uma pista para automóveis mas saiu um pouco de tudo. Labirintos, plataformas, portais, que demonstram a colisão entre criatividade e cultura de jogos. Habituados aos jogos digitais, não foi difícil para a generalidade dos alunos imaginar para além do previsto.


Outra coisa que não cessa de me surpreender é como a utilização do Scratch inverte expectativas. O 3D já permitia uma grande latitude de intervenção mas aqui os limites esbatem-se. Algo que sinto com isto (e corrijam-me se estiver errado) é que não é essencial que o professor conheça a fundo a ferramenta para a poder ensinar. Basta não ter medo, e a simplicidade e modularidade da linguagem conjugadas com a criatividade das crianças e a diversidade de recursos pesquisáveis fazem o resto. Percebi que nesta abordagem o desejável é que cada pergunta dos alunos tenha como resposta não uma receita mas sim nova pergunta. Ou pondo de outra forma, quando nos perguntam como fazer, em vez de dizer como, devolver com um como é que achas que poderia ser? Vamos pensar. Vamos experimentar.

Com o 3D, vídeo e imagem não me atreveria a isto, até porque o nível de complexidade das aplicações obriga a que se tenha conhecimentos de alguma profundidade. Aqui o desafio é desmistificar e abrir espaço
à criação, e conseguindo-se os alunos, como sempre, surpreendem. Mas com o Scratch algo diferente acontece. Posso ficar deslumbrado ao acompanhar os alunos nos seus processos de criação em 3D (e, acreditem, é algo fascinante de ver) mas com o Scratch o pensamento por eles desenvolvido é palpável. Sente-se no ar. Nota-se pelo olhar concentrado, pela forma como pensam em voz alta, pelo tempo que não se dá por passar.


Confesso que hoje me senti ultrapassado pelos meus alunos. Senti que aprenderam para lá do que eu tinha para ensinar. E isso é uma sensação tão, mas tão boa. Percebe-se que se atingiu o principal objectivo, abrindo horizontes. Vou cair num lugar comum. Falamos tanto de como é importante que os alunos ganhem asas e voem, mas neste sistema progressivamente opressivo quantas vezes temos oportunidade de sentir que realmente contribuímos para isso? Cada vez menos, penso honestamente.

O que não significa que abandone o 3D. Outra das alegrias da aula de hoje foi um aluno a propor como seu projecto final um mundo virtual tridimensional. Scratch, 3D e multimédia são as vertentes de abordagem que escolhi numa aproximação ao uso criativo das TIC. Por vezes penso que deveria reduzir a abrangência, mas o que realmente pretendo não é gerar artistas 3D, videógrafos exímios ou criadores de jogos, mas estimular novos horizontes nos meus alunos. Abrir, como dizia uma antiga minha professora de psicologia, gavetinhas mentais. E depois cabe a cada um fazer o que quiser com o que aprendeu. É um direito e necessidade de individualidade.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Alunos Curiosos e Meticulosos.


Coisas surpreendentes que encontro nas pastas de trabalho dos alunos quando faço a avaliação após a aula. Alguns revelam-se surpreendentemente capazes no uso de aplicações 3D. Caso do autor deste robot, criança discreta que mal começa a aula se dedica a criações meticulosas que revelam criatividade, gosto nas tarefas e uma vontade enorme de experimentar.


Neste outro caso o aluno que o realizou passou mais tempo a perguntar-me sobre pontos de vista, posições de camera, reposicionamento de objectos e pontos de luz. O questionar-me era uma forma de pensar em voz alta, testando ideias que ia tendo que vão de encontro a conceitos de iluminação de cenas em 3D.


Hoje terminei uma das aulas com uma demonstração rápida de importação de objectos em Bryce, com um em formtado .obj descarregado de um repositório online e outro em .dxf criado no momento em Doga. Era um cheirinho da próxima aula, mas um dos alunos insistiu em aplicar no trabalho de hoje, introdutório ao 3D em Bryce, uma das suas criações em Doga. Quando viu o objecto difuso no ecrã percebeu o porquê de ser má ideia utilizar pores-do-sol como ambiência de cena. Mas tudo bem. Logo a seguir percebeu o poder dos pontos de iluminação.


Para terminar, o aluno que deslumbra a criar robots hoje passou a aula a construir um sistema solar. Nada mau para a primeira vez que utiliza esta aplicação. Resta saber se os planetas estão na sequência certa...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Bel Geddes


Não sei muito bem o que fazer, diz-me o aluno no princípio da aula. Para equilibrar o ritmo de trabalho das diferentes turmas tive de agendar algumas aulas de exploração semi-livre. Não porque acredite muito na uniformização de conteúdos mas facilita o trabalho de preparação e avaliação. Neste momento de exploração cada aluno pode escolher a ferramenta tecnológica que prefere e desenvolver as suas competências de trabalho. Este estava desinspirado mas com vontade de fazer qualquer coisa no jogo Minecraft. Pesquisa imagens, um monumento ou outra coisa, disse-lhe. Lembrando-me que passei o fim de semana rodeado de iconografia fantástica e me recordei particularmente do conto The Gernsback Continuum do William Gibson sugeri olha, e que tal... googla Bel Geddes. Quem foi? Pesquisa... e pesquisou, reclamou que era impossível fazer aqueles carros aerodinâmicos ou aquelas aeronaves gigantescas. Até que descobriu o rádio. Os olhos iluminaram-se, os dedos voaram no rato, o jogo arrancou e o resto da aula foi passado numa sanha construtora de blocos na estética 8bit.


Duas janelas abertas, martelo em riste, mão e cérebro coordenados na recriação. Não ficou terminado... ainda. Na próxima aula há mais. Note-se que este aluno em particular é hiperactivo comprovado e tem sérias dificuldades em manter-se concentrado. Mas é como todos nós. Quando encontramos algo que nos desperta o interesse o resto torna-se secundário.


E é claro que já lancei o desafio de algum me recriar as aeronaves do Bel Geddes em 3D. Hint hint...

domingo, 17 de novembro de 2013

Convencido/Babado/Recompensado


São aquelas pequenas coisas que nos recompensam enormemente e nos fazem sentir que o caminho escolhido vale a pena ser percorrido. É muito recompensador ser contactado por ex-alunos que nos querem mostrar o que estão a fazer com aquilo que nas aulas tentámos dar uma incipiente introdução. Pronto, não é um 3D (awwww :'( ) mas é edição avançada de imagem. Mostra-me que vale a pena insistir num tipo de trabalho diferente, cujos frutos não são imediatos mas podem vir a ter um importante impacto futuro nas ideias e capacidade de trabalho daqueles que são agora meus alunos. Mostrar-lhes agora que são capazes de muito mais do que imaginariam dá-lhes maior diversidade de ferramentas para os seus futuros. Ou então estou muito convencido. Babado é certo que estou...

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

TIC 8: Scratch(ing)




Para os alunos de 8.º ano chegou a altura de (finalmente) experimentarem o Scratch. Algo que me deixa um pouco nervoso, uma vez que o meu domínio desta vertente das TIC oscila entre nulo e inexistente. Estou muito mais confortável com as imaginação à solta do 3D, manipulação de imagem e edição vídeo, mas estaria a prestar um mau serviço aos alunos se centrasse um currículo bi-semestral apenas num grupo restrito de ferramentas. Os meus objectivos passam por estimular o uso das TIC no desenvolvimento de competências do século XXI como design e criatividade e nestas coisas os gostos individuais contam muito. Alunos que se dêem bem com 3D poderão diminuir o nível de interesse noutras tecnologias, e vice versa, por isso quanto mais abrangente for o leque de tecnologias a experimentar maiores são a diversidade de experiências de aprendizagem e possibilidades de encontrar os pontos de interesse individuais. É por isso que o semestre termina num projecto final individual ou grupal não vinculativo à tecnologia a utilizar. Primeiro, aprender rudimentos que possibilitam domínio elementar e depois aplicar  o que se sabe num projecto com significância pessoal .

Nestas primeiras experiências, noto a facilidade com que os alunos ficam imersos no trabalho, encarando a tarefa como um problema a resolver. Quase se ouvem os mecanismos cerebrais a ranger enquanto o olhar concentrado mistura o intrigado com a resolução de problemas. O tempo voa e nem se dá pelo final das aulas.

Estas capturas de ecrã mostram algumas das primeiras experiências. São os primeiros passos de um longo caminho. Custa assumir que se está a ensinar algo que não se conhece bem, mas que se sabe ser pertinente e concebido para ser soltado entre os alunos.  Para alguém habituado a pensar em termos de design e concepção de produto final, quer seja desenho, modelo 3D ou qualquer outro produto do acto criativo, a abertura do ambiente Scratch é desafiante e um pouco enervante, apesar de sublinhar o melhor do processo criativo: o rabiscar, testar, aprimorar, corrigir, verificar, processo cíclico não linear subjacente ao acto de criação. Pegar numa ferramenta 3D ou multimédia dá à partida uma ideia de objecto final. No Scratch... o leque de possibilidades abre-se. E nestas sessões de Scratch não sei quem é que está a aprender mais: se o professor se os alunos. Estamos todos a dar pequenos passos decisivos. Mas não pensem que o 3D fica de parte. O Scratch é mais uma arma no arsenal de tecnologias criativas.