A sincronicidade é fascinante. Guardei entre os meus feeds rss este link para o Inkscape Tutorials que ensina a fazer naves espaciais com o editor vectorial open source publicado na semana passada. Neste fim de semana na Maker Faire, Francisco Mendes da Beeverycreative falou-me do Tinkercad e como era fácil criar lá modelos 3D a partir de desenhos em svg. Infelizmente, tendo de assegurar o espaço das TIC em 3D, não pude ir ao workshop que deu sobre o Tinkercad. Mas fez-se clique no cérebro: svg? Scalable Vector Graphics? Isso é o formato do Inkscape.
Testei logo, recuperando um desenho do Inkscape para fazer a base do modelo do Tinkerkad. Bastou importar, adicionar um primitivo para dar mais formas ao objecto, agrupar (tornou o modelo sólido) e exportar como STL. O netfabb acusou um modelo óptimo que a bee imprimiu. Devo ter demorado uns vinte minutos, entre alterar o desenho para ficar apenas com uma forma contínua sem preenchimento (algo que talvez não seja necessário) e orientar-me no interface do Tinkercad.
Sabem o que isto quer dizer, não sabem? Que se encontrou outra forma rápida de modelar para impressão 3D na sala de aula. Ainda sem adensar muito, talvez uma forma de iniciar os alunos na impressão e de imprimirem os primeiros objectos. Ao contrário do Sketchup, não obriga a infindas operações de conversão e correcção, e ainda tem a vantagem de permitir trabalhar o desenho digital 2D com alguns conteúdos ligados a Educação Visual, nomeadamente na linha e na forma. Pensando um pouco mais à frente, como sei que os meus colegas de Artes desafiam os seus alunos a manter diários gráficos, parece-me um projecto exequível que fotografem alguns desenhos, importem para o Inkscape para traçagem e line art, exportando os ficheiros SVG para o Tinkercad e daí passarem à modelação e impressão 3D. Ideias anotadas. Vamos trabalhar nelas.
Implementar esta ideia por completo parece-me mais exequível no segundo semestre. Terei tempo para recuperar as estratégias de abordagem ao desenho vectorial (2007 já foi há algum tempo...) e aprender a utilizar o Tinkercad. Talvez até de fazer aqueles tutoriais que faço com tanto carinho e que os meus alunos nunca usam (mas são utilizados por outros para, por exemplo, utilizar o Sketchup para produzir recursos para mundos 3d em Unity).
Isto é um pouco óbvio para quem usa intensivamente o Tinkercad, mas os traumas dos tempos em que o acesso à internet nas escolas era de baixa fiabilidade deixam-me sempre reticente na adopção de apliações web em vez de programas instalados. Mas vejo aqui uma vantagem adicional em relação ao Sketchup. O ciclo de gestão dos computadores da minha sala de aula não coincide com o de actualização do Sketchup, e tornou-se habitual que os alunos mais interessados tivessem problemas porque em casa instalam as versões mais recentes do programa e ao chegar à aula não conseguem abrir os seus projectos. Com uma aplicação web esse problema deixa de se colocar.
O Inkscape é uma ferramenta fabulosa que descobri nos primórdios longínquos das TIC em 3D ao explorar a distro Alinex dos portáteis do projecto Portáteis nas Escolas. Sim, já foi há assim tanto tempo (os professores percebem esta) e sim, ainda temos alguns a funcionar. Com o Inkscape percebi que podia trazer para a sala de aula o desenho vectorial que tinha aprendido no Corel Draw sem preocupações de instalação de software de preço elevado. E gostei tanto do Inkscape que acabei por abandonar os programas de desenho pagos e até hoje não voltei para trás. Já quanto à escola, na altura os alunos fizeram trabalhos de desenho muito interessantes que publicámos na página que mantínhamos no Deviant Art (pois, foi há mesmo muito tempo), mas a exploração do 3D acabou por deixar de lado o desenho vectorial. Ainda tentei introduzir nas TIC, mas sem uma noção clara do que poderia ser feito. Agora ganhará outro fôlego.
Hora de ir aprender para ensinar.
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