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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
RCX
Os conhecedores da robótica com Lego estão a reconhecer aqui um venerável Mindstorms RCX. Um kit clássico, que desencantei do fundo de uma arrecadação e tenho andando a ver como é que lhe poderia dar uso. Alguns alunos responderam-me a essa questão de forma inesperada. Cooptei o exíguo espaço do bastidor principal para usar como gabinete quando não estou na sala de aula. Não é um espaço agradável, mas é útil. Estou próximo dos servidores e do material de reserva, acelerando a resolução de problemas e facilitando a manutenção. Também é o espaço de impressão 3D, uma vez que por boas intenções que tenha dentro da sala de aula é complicado imprimir e gerir a aula. É um espaço que quando lá estou está sempre de porta aberta para todos, e mesmo sendo zona técnica nunca nenhum aluno foi impedido de lá entrar. Afinal, não lhes faz mal ficar a conhecer um pouco da infraestrutura digital da escola.
Um aluno com furos no horário começou a visitar-me regularmente. Para lhe dar algo de significativo numa hora em que geralmente estou de volta de email, site da escola ou dos muitos afazeres invisíveis de sysadmin, mostrei-lhe o kit RCX, mal sabendo que ele ia convencer os amigos a ajudarem-no a montar um super-carro. Ficou fascinando quando descobriu os motores controlados pelo brick (é o que se chama à caixa amarela que contém o processador do robot). Para já, temo-nos concentrado nos problemas de engenharia do veículo. Mas em breve vou ter de lhes mostrar como é que se programa um RCX. Por divertido que seja montar um carro que anda para a frente, será mais interessante fazê-lo contornar obstáculos...
Ah, o mais fantástico disto? É completamente informal. Todas as quintas feiras, pontual, o aluno aparece-me no gabinente, leva com ele as peças para o Centro de Recursos onde, com os amigos, afina o seu veículo. Interrompe para ir ter aulas, regressa para trabalhar mais um pouco até chegar a hora de se ir embora. Eu fico pelo gabinete, de volta dos servidores, ou ocupado com manutenções. A autonomia deles é enorme. De vez em quando vou ver se sobram peças e dou algumas sugestões que eles alegremente ignoram até testarem as suas construções e verem o que não corre bem. Aprender também é isto, é dar espaço, deixar mexer, de forma informal, sem pressões, testando soluções, guiando o progresso dos alunos quando necessário.
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