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segunda-feira, 25 de julho de 2016
Não sobraram parafusos?
Surpreende não terem sobrado parafusos. Estamos a trabalhar com uma impressora BEEINSCHOOL, upgrade à nossa primeira BEETHEFIRST, mas no primeiro trabalho deparámos com um problema de entupimento no extrusor. Havia um pedaço de filamento dentro do canal frio, de acordo com o diagnóstico do apoio técnico. Que apontou uma solução que me deixou aterrorizado: combinar uma chamada via Skype onde me ajudariam a desmontar o extrusor para resolver o problema.
Desmontar o extrusor? Quem? Eu? Medo!
Por outro lado, poderia ser uma excelente forma de ficar a conhecer melhor esta tecnologia. Quem conhece as condições de funcionamento das TIC em 3D sabe que não podemos correr muitos riscos. O espírito maker é interessante, mas quando se tem de manter a estrutura digital de uma escola a funcionar, tempo de latência provocado por hacking é um luxo que não se tem. Uma manutenção programada com ajuda remota pareceu uma excelente forma de, de forma guiada, aprofundar conhecimentos e perder alguns medos.
Munido de chaves apropriadas (sextavadas e torx, um tipo que desconhecia que existia) e um alicate de corte, com um simpático técnico do outro lado do ecrã, fui seguindo os passos indicados e dei por mim com o extrusor retirado do interior da Bee, aberto, com o nozzle retirado do encaixe, e com um pouco de trabalho com pinça o resto de filamento provocador de entupimentos removido. Isto não é um crédito para as minhas inexistentes competências técnicas. É-o para quem me apoiou à distância e para o excelente design do equipamento. Tudo bate certo, as peças estão onde são precisas, basta saber que parafusos retirar e em que sequência para intervir facilmente no equipamento. Não foi tarefa fácil, certamente, todo o processo de desenho e concepção que permitem esta elegância e facilidade de intervenção.
Depois de desimpedida, um teste de impressão onde se comportou no seu habitual bom nível.
A intervenção em si demorou cerca de uma hora, parte da qual passada em arrefecimento do nozzle no exterior da máquina. O procedimento requeria esse teste, e como não é ideia sensata pegar na peça com os dedos para a recolocar no seu sítio com ela ainda quente, houve necessidade de um compasso de espera. Tempo esse em que, pacientemente, o elemento do apoio técnico foi respondendo a algumas dúvidas e perguntas, e me foi dando dicas interessantes sobre o uso destas impressoras.
Fiquei a saber que não preciso de ser tão rigoroso no carregar/descarregar filamento diário quando estamos em trabalho semanal. Não convém deixar a impressora carregada muito tempo para que o filamento não fique quebradiço e provoque problemas, mas de um dia para o outro, não há problema. Se o nozzle é uma peça de desgaste, que eventualmente ficará entupida, pode-se prolongar a sua vida útil carregando um pouco de filamento humedecido com azeite, para lubrificar e ajudar a manter a peça limpa. A estabilidade das calibrações deve-se ao eixo Z fixo, mas mesmo assim a primeira camada de qualquer trabalho de impressão tem sempre 300 microns, para compensar as potenciais diferenças de precisão de calibração dos utilizadores. E, interessante mas arriscado, o Beesoft tem um painel de controlo que permite controlar alguns aspectos da impressora (sensores, leds, ventoinhas), útil para diagnóstico, mas mantido oculto porque permite afinar a calibração da impressora, algo que é arriscado de modificar.
Agora, com a escola em obras, com paredes a serem demolidas próximo da nossa zona de trabalho, temos as impressoras desactivadas e protegidas nas suas caixas. Ainda não conseguimos continuar a testar a BEEINSCHOOL... mas setembro trará oportunidades para isso.
Saliento que este post não serve para apontar a excelência do apoio técnico da BEEVERYCREATIVE (sem desapreço pela simpatia e óbvia competência dos seus elementos). Esta experiência mostra algo que sentimos como importante em várias áreas. A importância do bom design, da atenção colocada na concepção para lá do nível técnico. Esta impressora é uma complexa máquina de precisão, claramente pensada para ser fácil de utilizar e manter. Chegar a este ponto é um processo difícil, que necessita da contribuição das áreas tradicionalmente mais ligadas à estética do que à tecnologia. A boa usabilidade (aquilo que normalmente se chama de uso intuitivo) consegue-se com um cuidadoso processo de concepção e desenho. É algo que claramente está presente na equipa de desenvolvimento da bee, que confesso não ver noutras equipes ou projectos open source, mais preocupados com a sua base tecnológica do que com o facto de os seus equipamentos terem de ser usados por meros humanos, com níveis de capacidade técnica muito pouco homogéneos e a tender para a inexistência, se a impressão 3D quiser cumprir a sua promessa de ser acessível a todos.
Ainda me sinto espantado por não terem sobrado parafusos.
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