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segunda-feira, 24 de julho de 2017
Sem Clicar no Rato
Um pequeno teste às capacidades dos tablets enquanto instrumentos de trabalho em 3D. Aproveitei o desbloqueio de tempo nestes dias antes da pausa estival para, finalmente, dar seguimento a um projeto que tem estado esquecido por falta de tempo. Não vou entrar em spoilers, se for em frente depois explico. Até porque o objetivo deste post é mostrar como utilizar 3D para concept design sem me sentar numa secretária ou me aproximar, sequer, de um rato. Numa tarde soalheira de domingo, o sofá é mais convidativo do que a secretária.
O desafio aqui foi usar apenas o tablet. Alguns elementos foram modelados no 3DC.io, são simples de criar utilizando primitivos, a base maior com os seus elementos foi modelada com as ferramentas de subdivisão do FormIt. Os problemas começam na integração de modelos entre as duas apps. Algo que no computador é tão corriqueiro que nem pensamos no processo, num tablet obriga a uma ginástica complexa. Nenhuma das apps exporta OBJ ou STL localmente, dependem de serviços web. A FormIt restringe-nos à A360 Drive, a 3DC.io é mais abrangente e reconhece as opções de partilha usuais em Android. Como fazer, então? Optei pelo FormIt para assemblagem dos elementos. O processo de transferência entre o 3DC.io e esta é algo bizantino, mas funcionou. Tive de exportar em OBJ do 3DC.io para uma pasta na minha Dropbox. Em seguida, da app Dropbox, descarregar o ficheiro para o tablet. Utilizando o browser do tablet, fazer upload do ficheiro para a A360. Para terminar, dentro do FormIt, importar o OBJ a partir da A360.
Bizantino, não é? Mostra que os tablets têm os seus interfaces pensados essencialmente para consumo de media. O saltitar entre apps é normal quando se está a ler, jogar, ver vídeos ou a navegar nas apps sociais. O transferir informação entre aplicações, algo fundamental à produtividade digital, está restrito a texto, não há processos de utilizar informação entre apps que vá para além do importar imagens das galerias. Ou seja, todo um tipo de metodologia e interface ainda a ter de ser desenvolvido.
Outras condicionantes neste processo advém das necessidades computacionais da modelação 3D. Quanto mais complexo é o modelo, mais exige do processador e ram do dispositivo. Trabalho com um tablet Lenovo de gama média, com processador razoável e 2GB de ram, algo que ainda não é muito usual encontrar nos tablets android (1GB de ram é o normal). O 3DC.io tem um modo baixa resolução que torna a experiência de trabalho mais fluída, o FormIt não, apesar de permitir modos de visualização menos intensivos. Quando a complexidade do modelo aumenta, o FormIt tem tendência a travar. Para tornar a experiência mais irritante, junte-se a isso uma das peculiaridades desta app, a forma como foi concebida a operação de mover elementos. Supostamente é fácil, na prática é torturante. Boa parte do tempo passado nesta experiência foi a tentar posicionar com rigor os elementos no Formit.
Será o tablet uma alternativa viável para este tipo de trabalho? Ainda não. Foi necessária muita persistência e alguma paciência para ter conseguido este resultado. É possível utilizá-lo, mas os processos de transferência de ficheiros entre apps não são fluídos. As aplicações têm peculiaridades de interface que requerem habituação. As capacidades dos dispositivos esgotam-se com as necessidades computacionais da modelação 3D. É complicado modelar com medidas rigorosas. No 3DC.io não há elementos visuais que nos dêem a noção das medidas, o FormIt permite maior rigor neste aspeto, mas faltam referências visuais que facilitem a perceção do tamanho da peça. Para este tipo de projetos, usar o tablet como ferramenta principal de trabalho é prematuro. Pessoalmente, creio que a tendência é no sentido da evolução dos interfaces e capacidades destes dispositivos para melhorar a sua usabilidade e fluidez como ferramentas de trabalho, mas o caminho a fazer até se ter num tablet a usabilidade de um computador ainda é longo.
No entanto, posso chegar ao final desta experiência e dizer que nenhum rato foi molestado para a fazer.
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