No dia 12 de dezembro estivemos presentes no Centro de Congressos de Lisboa no âmbito da 2.ª Conferência do Fórum Permanente das Competências Digitais da iniciativa Incode 2030. Em paralelo à conferência, empresas, instituições e escolas mostravam o trabalho que desenvolvem nos domínios da promoção de competências digitais. Fomos um dos clubes de robótica que aceitou o convite para mostrar os seus projetos.
Como sempre, o melhor destes momentos é a reação dos nossos alunos. Neste evento, dois já são veteranos do clube, e a aposta foi em alunos novos, para ver o que outros fazem e trazer essas ideias para a nossa escola. Não lhes é dado qualquer treino de desempenho ou instruções específicas. Tudo o que lhes pedimos é que sempre que alguém os questione, que falam do que sentem e gostam de fazer no clube.
Enchem-nos sempre o coração. Entusiásticos, dinâmicos, a mostrar que sabem mais do que aquilo que lhes é ensinado, essencialmente a mostrar o gosto que têm nestas atividades, em dispor de um espaço e tempo para fazer algo de diferente, no sentimento de companheirismo entre o grupo. O ponto alto foi quando conversaram com o ministro da educação, mas isso não é o mais importante. Não é a validação de figuras tradicionalmente vistas como importantes que procuramos, mas sim o sorriso no rosto destes alunos.
Uma excelente surpresa foi receber a visita de uma das encarregadas de educação destes alunos, que não conhecíamos, e nos agradeceu o proporcionar ao filho o espaço do clube, estimulando-o a aprender com tecnologia. É bom saber que onde realmente interessa, nos alunos e seus pais, o que fazemos é valorizado.
Este tipo de eventos tem uma relativa importância. Inserida no âmbito do Incode 2030, a mostra de projetos de escola e clubes de robótica faz parecer que o trabalho desenvolvido por estes alunos e docente. No nosso lado, não sentimos qualquer efeito de uma iniciativa lançada no ano passado, cheia de boas intenções. O arranque do projeto deu-se sem apoios, bem antes de conseguir iniciar a impressão 3D. O prémio Inclusão e Literacia Digital deu-nos as verbas necessárias para avançar neste domínio. No evento, tivemos oportunidade de trocar umas palavras com uma das responsáveis por este prémio, entretanto extinto, que observou o fantástico que foi o germinar desta pequena semente, o impacto que está a ter, muito acima do que seria expectável. O salto para o espaço Maker na biblioteca, com mais impressoras 3D, mobiliário e tablets, foi possibilitado por verbas da Rede de Bibliotecas Escolares, com auxílio da Associação de Pais e Direção do Agrupamento. Não nos sentimos beneficiados no âmbito do prometido pelo Incode 2030. Apenas, talvez, na extensão de TIC do 5º ao 9º ano, mas o reduzido tempo da disciplina dificulta muito o desenvolvimento de aprendizagens (há colegas a fazer trabalho heróico, com um número de alunos incomportável). E enquanto se discutem os desafios do digital, a infraestrutura digital nas escolas já ultrapassou os limites da obsolescência, sem que se anteveja qualquer forma de renovação sustentável.
Se, por um lado, sentimos ser nosso dever representar o Agrupamento e dar aos nossos alunos a oportunidade de brilhar, por outro não somos desprovidos de sentido crítico. Lutamos diariamente com a degradação de condições, e neste tipo de momentos, sente-se que a valorização ao trabalho desenvolvido serve apenas para assegurar entretenimento para os participantes.
Apesar destas cada vez mais incontornáveis reticências, no final do dia regressámos de coração cheio com o desempenho dos nossos alunos. Cada um é uma história, tem as suas motivações e gostos. Juntos, formam um grupo admirável, do qual nos sentimos orgulhosos por poder ter a oportunidade de lhes dar faísca para novas aprendizagens.
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