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domingo, 23 de maio de 2021

Codeweek Teach Day

 

Um belíssimo desafio: desenvolver um workshop sobre 3D e pensamento computacional no primeiro EU Codeweek Teach Day, que decorreu no dia 22 de maio. Um workshop em que testei o cruzamento de conceitos de pensamento computacional com modelação 3D em dispositivos móveis. 


Deixo aqui as minhas notas:

Claro que o evento não se resumiu ao meu workshop, houve diversos painéis que me atraíram a atenção. Logo pela manhã, num sobre inovação tecnológica na educação, fiquei encanto a ouvir o presidente da school board das escolas Thames Valley, Canadá, a descrever, entre outras ideias interessantes, que no regresso às aulas pós-pandemia tinha desmontado as suas salas de informática. Deixaram de ser necessárias, os alunos e professores habituaram-se a usar dispositivos móveis (portáteis e tablets, pelo que percebi no site das escolas), em qualquer lugar. Interessante, esta ideia de que a computação não tem de estar restrita a um espaço específico, e de certa forma está a ser essa a minha experiência na escola - na adaptação pandémica dos espaços escolares, a sala TIC foi desativada, e passámos a trabalhar na sala de aula dos alunos com dispositivos móveis. Sem que eu sinta perdas de aprendizagem, embora tenha tido um enorme trabalho de adaptação de ferramentas. 

Os computadores Escola Digital, se o projeto de colocar de forma sustentada um computador de serviço para cada aluno for bem sucedido, só irão vincar isso. Para níveis introdutórios, diria que do 1º ciclo ao nono ano, a ideia de uma sala TIC específica para a disciplina começa a deixar de fazer sentido. A disciplina não, claro, apesar do desrespeito evidenciado para com os (cada vez mais raros) professores de Informática. Claramente, somos vistos como idiotas úteis, ocupamos os alunos, até fazemos uns projetos com piada que dão para o show off sobre inovação nas tecnologias e educação, mas aquilo para que realmente nos querem é para fazer o trabalho de técnico de informática, gestor de sistemas, manutenção de equipamentos, preferencialmente além do trabalho pedagógico em horas extras não pagas, em nome do "profissionalismo" e "excelente capacidade de resposta aos desafios" dos docentes.

Mas estou a divergir. Interessa-me a ideia de tornar o espaço de aprendizagem de TIC menos dependente de um local específico, e o exemplo de Thames Valley merece ser estudado. 

Ainda estou a processar as ideias do Teach Day, mas não resisto a sublinhar a ironia da forma como o iniciei, e terminei. Iniciei a ouvir o lendário Massimo Banzi, um dos criadores do Arduino, a falar sobre impactos da tecnologia e de como, em educação, não é boa ideia ensinar a programar per se, mas sim integrada em projetos utilitários - e deu excelente exemplos. Terminei num excelente workshop da letã Elina Ingelande, sobre Creative coding in JavaScript, onde aprendi um hello world em P5JS (similar a algo que estou a auto-aprender, Processing), uma professora cujo lema é... ensinar a programa como forma de expressão criativa e artística. De Banzi, com aprendizagem por projetos utilitários, a uma sessão sobre projetos feéricos, onde o que conta é usar o código enquanto lápis e pincel. Curiosa justaposição. No final do dia, fiz uma cena nova. Não interessa se é útil, mas sim que é gira. Aprendi. E isso, é o que conta.

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