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domingo, 11 de setembro de 2022

Memórias do Passado Tecnológico


 Olha, queres ver uma antiga tecnologia pedagógica, que aposto que durante algum tempo foi super requisitada pelos professores aqui na escola? Se calhar até por ti, pergunto a uma colega enquanto lhe mostro este gravador (e reprodutor de cassetes em fita magnética, para os que acharem este objecto mais enigmático). "Ah", responde, já nem me lembrava disso!"

"Tenho aqui uma coisa que ia colocar na reciclagem eletrónica, mas quis mostrar-te, talvez tenha interesse...", disse-me aqui há dias uma colega, que logo a seguir tira um portátil antigo da sacola. Normalmente torço o nariz a doações bem intencionadas de material obsoleto para a escola, mas olhei com atenção. Isto é excelente para o eventual futuro museu da tecnologia aqui na escola, disse-lhe. Ao longo dos anos tenho vindo a agregar exemplares de tecnologias antigas, obsoletas ou caídas em desuso que vão chegando, entre doações e coisas esquecidas no fundo dos armários. Alguns ainda a funcionar. Talvez um dia consiga encontrar forma de os mostrar.

O computador dela deu entrada na colecção. Parece estranho,  mas estamos sempre tão deslumbrados com as novidades tecnológicas, que nos esquecemos da importância da memorialização. Quer como curiosidade, quer como recordação da história das tecnologias que usámos, que nos permitiram fazer coisas interessantes e diferentes, ou explorar diferentes formas de ensinar. 

Aposto que algures, nalgumas bibliotecas universitárias, estão esquecidos alguns artigos  e teses a analisar o impacto do uso do gravador de fita magnética na aprendizagem, ou a elencar estratégias inovadoras para o seu uso. 

O obsoleto de hoje já foi o inovador do passado, e há que saber valorizar essa memória histórica e tecnológica. Para não se cair no desvalorizar de passos fundamentais para se chegar onde chegaremos amanhã. Para contextualizar as inovações de hoje (não por acaso, nas formações de capacitação digital nível 3 que dou, incluo um texto de Quintiliano nas leituras sugeridas). E, também, porque recordar esta evolução ajuda a distinguir o trigo do joio nas correntes discussões e hypes sobre as tecnologias educativas.

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