TPCs

Confesso sentir um prazer malévolo em prescrever um TPC para os meus alunos. Vão de férias e ficam de papo para  o ar? Nem pensar, esse tempo será melhor passado a trabalhar. Contemplam-me, leio a preocupação e desilusão nos seus olhares. Mais um professor a dar-nos trabalho de férias, resmungam alguns mais afoitos. Ainda tenho a lata de lhes dizer que quem entregar o trabalho apenas sobre um dos temas possíveis, não está a fazer bem a tarefa.

Exijo silêncio, e, perante os seus olhares angustiados, começo a enumerar os temas de trabalho: ler livros. Visitar museus. Ir ao cinema. Jogar, mas sem passar o dia todo agarrado à consola. Estar com os amigos. Ir à praia, ou ao campo. Não passar o tempo todo a trocar mensagens nos telemóveis. Estar com a família. Divertirem-se no dia 26 com o que receberem dia 25. Ler banda desenhada. Brincar e passear com os animais de estimação (recomendo uso de fato de mergulho, caso tenham um peixe como animal de estimação).

Perante os risos, incredulidades e expressões de alívio, alguns lá comentam se é piada, se estou a brincar. Piada, realmente é. Mas estarei mesmo a brincar, digo-lhes? A vida não se resume à escola, e tudo o que fazem têm importância, digo-lhes. Aproveitar o tempo, é o TPC que lhes prescrevo. A aula, e o período, termina com sorrisos e gargalhadas. É o que se quer.