sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Tanta matemática!


Durante estas aventuras na impressão 3D tenho conhecido pessoas extraordinárias. A Melinda é uma delas. Com a carreira de investigadora em pausa, entre outros afazeres voluntaria o seu tempo num centro de estudos, onde dá asas a uma das suas paixões: estimular a aprendizagem de programação e levar as crianças a descobrir, desde cedo, o potencial criativo das tecnologias digitais. Inspira-se no modelo inglês dos coding clubs para desafiar alunos de um centro de estudos em Algés a expandir os seus horizontes nestas áreas. Fá-lo por gosto, sem compensação, de forma voluntária, afastada dos projetos oficiais e tendências educativas na área da programação e robótica, que me confessou desconhecer, ficando muito contente por saber que um pouco por todo o país, há nas escolas professores que se dedicam as estas áreas. A sua experiência ao tentar propor atividades destas em escolas locais traduziu-se sempre pelo desprezo dos docentes face as estas áreas , e mesmo em centros de estudo não foi melhor. Ficou-me na mente a frase que lhe foi dita por uma coordenadora de um centro, observando sobre aprender a programar que os alunos vêm para cá para estudar e ter melhores notas na escola, essas coisas não interessam. Ainda um dia haveremos de ter coragem para enfrentar os danos que esta visão da escola centrada unicamente em testes e resultados provoca na educação e formação dos alunos.


Conheci-a na Spring It Con 2017, onde me grelhou com inúmeras questões sobre impressão 3D na educação, e me desafiou para ir partilhar esta tecnologia com os seus meninos do centro. Gostei especialmente da clareza da visão, nada deslumbrada com a impressão 3D: o importante é eles perceberem o como modelar. Para quem, como ela, está a construir uma delta, uma cartesiana clássica não tem muito para surpreender.... (esta, têm de perceber mesmo de impressão 3D para compreender).


Hoje houve tempo para essa sessão. Gostaria que tivesse sido mais cedo, mas entre arranque de ano letivo, outras sessões e workshop na ESA, não me foi possível. Há que dosear bem os desafios para conservar energia...

Nesta sessão, os participantes ficaram a conhecer bem as impressoras 3D e o como imprimir. Não é por acaso que nestes momentos as tampas da BEEINSCHOOL saltam fora, é para poderem ver e perceber o que está por detrás desta tecnologia. Tanta matemática, desabafa a meio um dos alunos. Descobriram o Sketchup Make, com aquela expressão de surpresa quando vêem uma revolução com o follow me, aprenderam a modelar em Tinkercad e descobriram que no telemóvel ou num tablet podem criar com o 3DC.io. Entre exemplos de peças impressas em 3D levámos o nosso Anprino Arthur, que deliciou estes jovens que tiveram uma tarde diferente no centro de estudos.

Esperemos que a Melinda não baixe os braços. Merece todo o apoio. Se queremos inovar na educação, não é por decreto-lei ou vontade ministerial que as coisas acontecem. É na soma dos esforços grassroots de professores ou outros agentes que a inovação mais enriquecedora acontece. As instituições, ministérios, associações de professores, têm o importante papel de apoiar, estimular e disseminar informação, para que os esforços de quem está no terreno contaminem progressivamente a educação.

Nota: para proteger a sua privacidade, o rosto dos participantes foi anonimizado. É pena, perderam-se as expressões de curiosidade pura que vi nos seus rostos.

Sem comentários:

Enviar um comentário