sábado, 30 de julho de 2016

Education in the Digital Era


Após dois dias imerso na conferência/formação Education in the Digital Era: A Good Practices Insight, saí de lá com a consciência do que não quero fazer no que toca ao uso inovador de tecnologia na educação. Culminar de dois anos de trabalho no âmbito de um tipo específico de projecto Eramus (que requer, tanto quanto sei, este tipo de encerramentos), com apoio da Gulbenkian, que se traduziu na criação de espaços sala de aula do futuro nas escolas de Atouguia da Baleia, este evento teve num primeiro dia formação para professores e num segundo conferência em moldes clássicos.

Os conceitos de sala de aula do futuro interessam-me, por razões óbvias, especialmente no que toca às suas metodologias de uso. Já passei por demasiadas tentativas de revolução digital por mera presença de tecnologia que falharam porque se focaram exclusivamente nos materiais e não na forma como os podemos utilizar. Processo que, concedo, demora tempo e evolui de acordo com o aprofundar da utilização.

Quando comecei a levar computadores para a sala de aula de EVT para iniciar estas aventuras no 3D, há mais de sete anos atrás, não tinha as ideias que tenho hoje, nem suspeitava das implicações e aplicabilidade desta tecnologia específica. Com outras, o processo não é diferente, o que torna muito importantes os contextos de formação e partilha de experiências práticas. Um pouco por todas as escolas do país há professores que experimentam, enquadram a tecnologia com os seus limites e potencialidades dentro dos espaços específicos em que trabalham, desbravando caminhos de uso em contexto. As partilhas generalistas de ideias têm a sua importância, mas descobrir o que se passa no terreno, aprendendo com a experiência de outros, retira aquela sensação de isto é tudo muito bonito mas no meu caso/escola/turma/disciplina não serve que se sente (e ouve) em muitos encontros de professores.

Foi a procura deste tipo de partilhas que, estoirado após os quatro dias de Sci-Fi Lx (dois para os visitantes), com arranque de obras no espaço da escola, reunião longa de conselho pedagógico e a preparar um fim de semana no Porto dedicado aos desafios da intersecção da educação artística com o digital, me levou a participar neste evento. O saldo final não é tão positivo quanto esperava, mas saí de lá com alguns conhecimentos reforçados, curiosidade desperta para práticas específicas que, não sendo adequadas aos meus métodos de trabalho, o são a docentes de outras disciplinas, e também com a noção de que há caminhos que não quero, de todo, seguir.


O dia de formação arrancou com Teresa Vandeirinho, arquitecta e representante da Steelcase, que nos veio falar dos conceitos de mobiliário para espaços pedagógicos inovadores. Inovadores não no sentido estético, mas na flexibilidade de reconfiguração espacial que permite diferentes metodologias e contextos de trabalho. Se o mobiliário apresentado é, de facto, ergonómico, funcional, flexível e de elevada qualidade, tem também preços algo proibitivos para a larga maioria das escolas. Um factor que não invalida os conceitos. No fim de contas, we can IKEA the s*** out of this (se viram o recente filme The Martian, ou melhor, leram o livro, percebem que esta ideia não é nada ofensiva). As ideias sobre reorganização de espaços e adaptação do mobiliário a diferentes metodologias foram o que retirei deste momento de partilha.



Como parceira activa destes projectos, a Promethean dinamizou dois momentos de formação. Um dedicado aos quadros ActivBoard, sob pretexto de reflexão sobre conceitos de educação no futuro, e outro especificamente dedicado às funções da plataforma Classflow. O primeiro distinguiu-se por tudo o que poderia correr mal, correu (excepto, talvez, o equipamento começar a deitar faíscas). Interessa-me o que correu mal. Discursos corporate mais ou menos interactivos sobre conceitos do futuro na educação são, para mim, uma discussão muito XXth Century, com poucas surpresas e muitos lugares comuns.

Enquanto a formadora (que, sublinhe-se, não deixava que meros problemas técnicos a impedissem de continuar o seu trabalho, mostrando que o mais importante, sempre, é o que queremos transmitir e não o suporte técnico) nos levava a reflectir sobre como poderemos preparar os nossos alunos para desafios que não conseguimos antever, prestei atenção à dinâmica de uso do ActivBoard. O velho problema do interface de toque continua lá, apesar de um ecrã sensível ao toque permitir maior precisão do que uma superfície de projecção. É uma questão de interface. Ligar-lhe um Windows  amplia a área, mas a usabilidade do toque no tipo de interface clássico do computador não facilita a sua utilização. É frustrante tocar num menu ou opção, e o software não responder como esperado. Foi o que correu mal na sessão. No final, questionei o pessoal técnico da Promethean sobre este problema. Se ligar um Windows ao ActivBoard, sei que terei problemas de interface. Se lhe ligar um Linux, onde terei maior flexibilidade de interface, ou um android, resolveria? A boa surpresa surgiu desta conversa. Sem nenhum dispositivo ligado, um ActivBoard é, essencialmente, um android gigante a correr o que me pareceu ser uma versão normal do sistema operativo. Com um tablet gigante, com todo o mundo de aplicações android pensadas para interfaces de toque, abre-se um interessante conjunto de possibilidades de uso deste equipamento, muito além do que o que estamos habituados a ser demonstrado, que se fica pelo uso do ActivInspire.

Na outra sessão da Promethean, o foco esteve nas actividades possíveis recorrendo ao Classflow. É interessante, como plataforma web de conteúdos interactivos criados pelo professor ou gerados a partir de bancos de questões, acessível e adaptável a diferentes tipos de dispositivos. Só se necessita de browser e conectividade, estando adaptado a estratégias BYOD. Como professor, tem-se acesso em tempo real às estatísticas de resposta, permitindo saber quem está a acertar ou a errar, bem como o tempo que demora a completar cada tarefa, dando ao professor pistas sobre quem está com mais dificuldades para uma intervenção mais imediata.  É uma curiosa utilização big data, que me suscita algumas dúvidas por se basear num estrito paradigma de aprendizagem por tarefa metrificável, concretizada em exercícios constantes. Ferramenta útil, sem dúvida, em contextos de disciplinas mais teóricas, mas que não consigo conceber como pode ser usada em áreas artísticas ou práticas, onde a aquisição de competências se faz fazendo, criando, construindo, experimentando.

Esta minha incapacidade de compreender a utilidade deste tipo de ferramentas e tecnologias em contextos de educação artística estende-se a todo o conceito de sala de aula do futuro. É uma discussão da qual tenho visto arredados os professores ligados às Artes. O desenho dos espaços raramente contempla zonas apropriadas para a educação artística. É duplamente frustrante. Por um lado, sente-se o alheamento da cultura artística, com o conceito de "criatividade" apropriado como palavra-chave difusa, cujos significados não são explorados nos contextos em que nos são apresentados. Por outro, as tecnologias digitais vieram permitir um potencial enorme de utilização criativa, democratizando ferramentas que facilitam o acesso a linguagens estéticas. Linguagens essas que raramente são exploradas, em boa parte por desconhecimento dos docentes, que apenas vêem nestas ferramentas contentores rápidos para conteúdos produzidos, sem necessidade de prestar atenção ao salto qualitativo que compreender linguagens estéticas lhes trariam.


Durante o dia houve duas sessões de trabalho num espaço-tipo Sala de Aula do Futuro, a replicar um pouco as zonas de trabalho criadas na escola de Atouguia da Baleia. Duas sessões interessantes, que permitiram perceber usos e metodologias específicas de trabalho, o como se pode utilizar e tirar partido deste tipo de espaços. Estas sessões foram dinamizadas por professoras das áreas das línguas, matemática e história, o que explica um certo enviesamento para uso do quadro interactivo e aplicações mobile, como ferramentas para realização de exercícios em tempo real ou sessões de pergunta-resposta com interacção em dinâmica de grupos. Também foi abordado o Classflow, mostrando como tem sido utilizado por estas docentes nas suas práticas.

Destaco que no âmbito desta iniciativa também tem sido trabalhada a impressão 3D, embora, pareceu-me, de forma incipiente e com falhas técnicas. Foi mostrado um projecto de recriação do património local utilizando o Minecraft como ferramenta de modelação (com o utilitário Mineways para extrair a mesh do ambiente de jogo). Uma ideia interessante, especialmente por ter partido dos alunos, mas cuja  concretização necessitava de um aprofundamento sobre técnicas de modelação e impressão 3D. Da análise que fiz às peças, percebia-se que as meshes extraídas pelo Mineways não foram processadas noutras aplicações, nem validadas para optimização do STL, impressas sem atenção às estruturas de suporte necessárias para suportar vãos, e com alguns pormenores específicos de manuseamento da impressora que afectam a qualidade da impressão. Note-se que a dinâmica é muito interessante, num espaço que permite aos alunos trabalhar directamente com a impressora 3D. Falta-lhes, creio, afinar técnicas e expandir os processos de modelação e preparação de impressão 3D. Se é fantástico incentivarem um tipo de trabalho autónomo da parte dos alunos, falta o passo de afinação de qualidade e aprendizagem de técnicas específicas para aprofundar conhecimentos e potenciar ainda mais esta tecnologias. Das experiências que tenho tido ao longo das minhas aventuras na impressão 3D, este não é um processo de enviar qualquer modelo para ser impresso um objecto com qualidade. Esta percepção é um primeiro nível. Depois, há uma aprendizagem que tem de ser feita para afinação qualitativa, que permite levar mais longe o que se pode fazer com impressão 3D.

Destas sessões, retiro a primazia metodológica dada nestes espaços ao tipo de trabalho em que disciplinas e áreas mais teóricas se sentem confortáveis. Pergunta-resposta, realização de exercícios em modo individual/grupo, exposição interactiva com recurso ao multimédia. Compreendo a pertinência destes usos, mas confesso a minha incompreensão sobre a sua adequação a outros tipos de trabalho, que não são necessariamente específicos das áreas artísticas, mais centrados no projecto, na aplicação táctil de conhecimentos, no criar, construir, fazer.

O sentimento que retiro sempre que contacto com os conceitos de sala de aula do futuro é o seu afastamento das áreas artísticas. O criar está restrito às ferramentas digitais, o foco está apenas no aprender e partilhar. Sinto como mais interessantes e pertinentes para estas áreas o conceito de makerspace (na sua essência, um espaço tipo atelier com diferentes tecnologias à disposição dos utilizadores) do que um conceito de aula futurista que se restringe a tipos de conhecimento de base mais teórica do que prática. Gostaria de encontrar formas de coexistência, que integrassem as valências artísticas neste tipo de espaços.


Ainda no domínio dos workshops, foi dinamizado um de introdução à impressão 3D, com Aurora Baptista e Rita Lobo da BEEVERYCREATIVE a desmistificar aquilo que é mais importante nesta tecnologia: a capacidade criativa possibilitada pela modelação 3D. Para mim, foi uma boa oportunidade para comparar experiências formativas, aprender elementos que desconhecia (quando se é autodidacta, há coisas elementares que escapam por completo), e ficar a conhecer pessoalmente estes dois elementos da dinâmica equipe da empresa que concebe estas excelentes impressoras 3D. Fiquei também a conhecer algumas novidades em termos de filamento disponibilizado. Os PET e o flexível vão ter aplicabilidade directa no projecto Anprino. Foi um momento de formação em que tive alguma dificuldade em estar calado. Com três workshops destes dados em duas semanas, entre a minha escola, Leiria e o Sci-Fi LX, estava algo entusiasmado. Espero não ter sido demasiado incómodo...


Depois do dia dedicado à formação, seguiu-se a reflexão. A conferência de encerramento contou com cerca de mil e duzentos participantes, que talvez tenham saído de lá a sentir-se algo defraudados. Este evento encerrava um projecto Erasmus, não sendo o âmbito normal do que se espera de uma conferência na Gulbenkian. O envolvimento desta instituição prende-se com o financiamento com que apoiou o trabalho desenvolvido na escola de Atouguia da Baleia. Quem veio à conferência esperando ouvir experts internacionais a partilhar dados sobre a escola do futuro, não teve o que esperava.

Da parte da manhã, mais institucional, retive elementos do discurso do secretário de estado da educação. Um, por reconhecer o papel que as abordagens grassroots estão a ter no domínio da inovação educacional, com maior projecção e interesse do que as habituais top down, que se têm traduzido em muito material que vai apanhando pó nas escolas. Outra, que me deixou transido, ao observar en passant que na sala de aula do futuro, até as artes têm o seu lugar, como forma de embelezar os robots. A sério? É essa a visão do papel das artes na inovação educacional com recurso a tecnologias? Embonecar o produto de outras áreas? Então e o papel da formação para indústrias criativas, dos processos de design e concepção que dependem de uma boa educação estética? Pelo menos, pela primeira vez ouvi alguém em Portugal a falar do A que faz falta às CTEM (isto em inglês soa melhor: STEAM). 

Dos restantes, nada retive. Perdi o que consensualmente foi a interessante intervenção do Prof. António Figueiredo, e nas outras estive entretido a conversar com Manuel Moreira, responsável pelo projecto Arte Transformer. Partilhamos preocupações similares. Qual é o papel das tecnologias na educação artística. O porquê do alheamento dos professores ligados a estas áreas relativo ao que podem fazer com tecnologias. A inexistência de conceitos de educação potenciada por tecnologia que integrem contributos das artes. O uso de ferramentas digitais de expressão sem qualquer atenção às suas linguagens estéticas. O parco investimento em literacia visual. Note-se o quão raro é encontrar nestes eventos professores das áreas artísticas, o que se reflecte também nos tipos de trabalho e metodologias partilhadas. A que se deve este afastamento? Estar presos a uma visão tradicional das artes, muito ligada a um certo elitismo cultural e a meios de expressão clássicos, não ajuda.

O dia finalizou com a apresentação dos projectos desenvolvidos no âmbito da parceria entre escolas portuguesas, espanholas, búlgaras, italianas e polacas deste projecto Erasmus. É  um momento sobre o qual tenho sentimentos conflituosos. Se, por um lado, pode ser interessante ver o resultado final deste tipo de projectos, por outro estamos a falar de projectar trabalhos dos alunos, com presença dos professores, para um auditório que, segundo as contas da organização, tinha mais de mil pessoas na assistência. Seria isto que esperavam, quando se inscreveram no congresso? 

Se bem que esta é uma questão secundária. Sublinhe-se que pudemos assistir a uma concretização prática de trabalho multidisciplinar, em parceria entre escolas, que colocou alunos em contacto com diferentes realidades, os desafiou a usar tecnologias digitais em contextos colaborativos, abordando temas que vão do património às línguas. Em vez de apontamentos em apresentação, alguns dos produtos específicos. Nesse aspecto, esta partilha teve interesse. Não consigo, no entanto, não deixar de apontar a baixa qualidade dos vídeos apresentados. Não me refiro às metodologias específicas ou contextos de trabalho, onde nada tenho a apontar, mas à sua reduzida qualidade estética. 

Criar vídeos é mais do que enfiar um conjunto de clips filmados dentro de uma app, aplicar um template e decorar com uma música da moda. Requer trabalhar técnicas de edição, linguagens de narrativa audiovisual. Surpreende-me que professores com óbvio elevado nível de exigência dentro dos contextos das suas áreas não os transponham para estes produtos finais, mostrando com orgulho recursos sofríveis do ponto de vista audiovisual e multimédia. É um vício muito comum, que tenho encontrado neste tipo de partilhas, a percepção que no que toca às estéticas basta usar a app, e a coisa fica embonecada

São as agruras do pouco envolvimento (ou falta de) dos professores das áreas artísticas quer nestes projectos, quer na experiência de utilização de meios digitais com os seus alunos. Faltava ali alguém que tivesse ajudado professores e alunos a aprender técnicas de edição de vídeo e imagem. Dica: já repararam na duração média das curtas metragens? Especialmente naquelas que em menos de cinco minutos contam histórias que agarram os espectadores? É melhor nem me pronunciar sobre o trabalho de educação musical envolvido no acto de ok, vamos meter o mp3 da (inserir banda/cantor da moda entre os alunos) no vídeo para ficar mais bonito.

Destes dois dias, retiro aquilo que não quero fazer na minha prática. Este tipo de conceito de sala de aula do futuro, baseado em apps, com requintes de big data, que empacota a pergunta-resposta como revolução tecnológica, modelo centrado na recolha e processamento de informação, não serve ao tipo de trabalho que tento levar a cabo no âmbito das TIC em 3D. Não lhe nego a utilidade e eficácia nos contextos das áreas disciplinares mais teóricas, nem as rejeito. É importante aprender a pensar fora da nossa área, especialmente quando se pode auxiliar outros professores a tomar contacto com pedagogia potenciada por tecnologia. Pessoalmente, prefiro a metáfora makerspace, com espaços de criação prática a partir do conhecimento teórico, com diversidade de ferramentas para expressão das ideias dos alunos a partir de metodologias de resolução de problemas. 

Que a escola tem de se abrir ao potencial trazido pelas tecnologias, procurando metodologias que reforcem a aquisição de conhecimentos, é algo que hoje é consensual. O como, nisto, não é de resposta fácil e está disperso em míriades de experiências e projectos um pouco por todas as escolas do país. Talvez porque não haja aqui metodologias unívocas, receitas one size fits all. Factor que torna mais preciosa a partilha de experiências, permitindo a todos os que querem inovar as suas práticas aprender e reflectir sobre os caminhos que intuem ser os mais apropriados. Foi essa a grande virtude deste encontro de dois dias no espaço da Fundação Gulbenkian.

(Nota final: depois disto tudo, continuo sem saber para que é que realmente servem as mesas multimédia com ecrã sensível ao toque. Vejo muitas fotos de mãozinhas de crianças sorridentes a tocar nas mesas, mas ainda não vi o que de facto fazem com elas. Note-se, crianças sorridentes ao pé/a olhar/a tocar em ecrãs é uma das iconografias mais virais e de longo historial quando se fala do futuro na educação. Fascinantes como imagem de comunicação, mas de um ponto de vista informado por literacia visual, são cardboard futures.)

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Projectos Finais de TIC (2S - 8A)



Projectos finais de TIC dos alunos da turma A do oitavo ano. Dos de vídeo, destaca-se o que inicia a lista de reprodução. Os alunos que o criaram escreveram um script malicioso para capturar no ecrã o que pode acontecer quando não se tem cuidado com o que se faz online...









Alguns dos jogos em Scratch são simples, mas outros distinguem-se pelo esforço em criar experiências complexas.

Projectos Finais de TIC (2S - 8º. C)




Projectos finais dos alunos da turma C do oitavo ano. Trabalhos de edição de vídeo e introdução à programação com Scratch.



Dos trabalhos, destaco o primeiro da lista de reprodução, que representa um esforço espantoso de edição.








A preferência nestes projectos foi para jogos, e sublinho o esforço que os alunos colocaram em criar projectos complexos.

Projectos Finais de TIC (S2 - 8º D)



Partilhamos aqui os projectos finais dos alunos de TIC, 8º. ano. Esta turma escolheu o vídeo como ferramenta de trabalho.


 Boa parte dos projectos ficam-se pela linearidade, mas destaco o excelente trabalho de edição desenvolvido por duas alunas, que pegaram na sua ideia original sobre o medo e conseguiram incorporar no tema dado à turma, segurança digital.


Um grupo de alunos pediu para fazer o seu projecto em 3D, apesar de ter desenvolvido bom trabalho na introdução à programação e edição de vídeo.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Above and Beyond


Nesta aventura das TIC em 3D já andámos por locais inesperados e pouco usuais em contextos educacionais. Normalmente, os professores concentram-se em congressos e acções de formação, mas é muito interessante e sente-se um forte impacto quando se sai dos contextos expectáveis e se vai a sítios que não estão directamente ligados ao mundo da educação. Já demos por nós em centros comerciais, feiras, e agora num festival de Ficção Científica. Algo que faz todo o sentido. Que melhor do que um evento que celebra o imaginário dos futuros plausíveis, possíveis ou fantásticos para demonstrar uma tecnologia que leva o futuro às nossas salas de aula?


Vale a pena, mesmo que para isso arrisquemos um ataque de sabres laser. Aqui pelas TIC em 3D somos mais sonic screwdrivers (whovians get it), mas hey, os jedis são bem vindos!


Durante os dois dias do festival Sci-Fi Lx as TIC em 3D estiveram presentes no espaço do Salão Nobre do Pavilhão Central do Instituto Superior Técnico. Muito bem acompanhados por cosplayers, fãs de lego, tabletop gamers, cinema fantástico, artistas, livrarias, exposições de banda desenhada e adereços cinematográficos, entre muitas outras das riquíssimas vertentes das culturas que celebram o género fantástico. Um evento inspirador, que reuniu fãs e criadores num fim de semana cansativo e recompensador.


Quando nos fizeram o desafio de estar no Sci-Fi Lx, foi isto que nos pediram. E que tal um workshop de impressão 3D? Claro que é possível. Pegámos no modelo que temos utilizado com professores e levá-mo-lo ao Técnico, retirando-lhe a componente pedagógica. Num evento divertido ligado às culturas de género, não se justificava reflectir sobre o lado educacional. Optámos por introduzir a modelação 3D no Tinkercad, mostrar como funciona a impressão 3D, e partilhar o que sabemos sobre modelação, preparação de peças e processos de impressão. Destas componentes, falhou a da modelação, algo muito irritante quando o nosso principal objectivo era o de que os participantes no evento modelassem as suas peças para impressão. Fomos surpreendidos pela instabilidade da ligação wifi disponível no IST, que nos impediu de explorar o Tinkercad. Mesmo assim, as restantes vertentes agradaram aos participantes num workshop que, nas palavras da organização, foi o primeiro a esgotar o limite de inscrições (e teve muitos participantes não inscritos).


O espaço TIC em 3D, com demonstração de impressão 3D e antevisão do projecto de robótica Anprino. O futuro prepara-se nas escolas.


Foi sugestão de última hora, mas quando se tem acesso à impressão 3D consegue-se superar desafios. A organização pensou em troféus impressos em 3D para prémio de concursos, e com um pouco de desenho vectorial em Inkscape, modelação no Tinkercad e algumas horas de impressão finalizadas com toques de tinta em spray, resolveu-se. Entre este, e outros pormenores da colaboração (cedemos equipamento informático para actividades e apoiámos na montagem e desmontagem do evento), granjeou-nos a qualificação de foram above and beyond por parte de um elemento da organização. Gostámos, e reconhecemos a referência a uma série de FC militarista (para quem desconhece, é um sub-género, não uma qualificação depreciativa) cujos episódios televisivos o humanóide docente por detrás das TIC em 3D tentava não perder, nos idos dos anos 90 do século XX.

(A Maker Faire Lisbon mostrou-nos que temos de começar a distinguir humanóides docentes e humanóides discentes nisto das TIC em 3D.)


Aquele que para nós foi o sucesso do workshop: um dos participantes conseguiu, recorrendo à técnica de importação de ficheiros SVG desenhados por ele durante o evento, criar o seu objecto impresso.

Não só de trabalho foi feito este fim de semana. O humanóide das TIC em 3D aproveitou para ficar a par de algumas novidades literárias, visitou extensivamente os diversos espaços de exposição (quer os adereços para cosplay quer as figuras para tabletop gaming revelam potenciais interessantes no domínio da impressão 3D). Divulgámos, partilhámos experiências, mostrámos que isto do futuro na educação consegue-se, com esforço e entusiasmo. A nossa Beethefirst teve de imprimir em condições adversas, com a vaga de calor a impedir trabalhos ambiciosos. Levámos a impressão 3D a um dos seus habitats naturais: a discussão sobre possibilidades dos futuros.


Finalizado o evento, encerramos. Hora de desacelerar, dar descanso às impressoras e aos elementos das TIC em 3D. Um grande obrigado à organização do Sci-Fi Lx pelo desafio de fazer parte de um evento awesome!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Não sobraram parafusos?


Surpreende não terem sobrado parafusos. Estamos a trabalhar com uma impressora BEEINSCHOOL, upgrade à nossa primeira BEETHEFIRST, mas no primeiro trabalho deparámos com um problema de entupimento no extrusor. Havia um pedaço de filamento dentro do canal frio, de acordo com o diagnóstico do apoio técnico. Que apontou uma solução que me deixou aterrorizado: combinar uma chamada via Skype onde me ajudariam a desmontar o extrusor para resolver o problema.

Desmontar o extrusor? Quem? Eu? Medo!

Por outro lado, poderia ser uma excelente forma de ficar a conhecer melhor esta tecnologia. Quem conhece as condições de funcionamento das TIC em 3D sabe que não podemos correr muitos riscos. O espírito maker é interessante, mas quando se tem de manter a estrutura digital de uma escola a funcionar, tempo de latência provocado por hacking é um luxo que não se tem. Uma manutenção programada com ajuda remota pareceu uma excelente forma de, de forma guiada, aprofundar conhecimentos e perder alguns medos.

Munido de chaves apropriadas (sextavadas e torx, um tipo que desconhecia que existia) e um alicate de corte, com um simpático técnico do outro lado do ecrã, fui seguindo os passos indicados e dei por mim com o extrusor retirado do interior da Bee, aberto, com o nozzle retirado do encaixe, e com um pouco de trabalho com pinça o resto de filamento provocador de entupimentos removido. Isto não é um crédito para as minhas inexistentes competências técnicas. É-o para quem me apoiou à distância e para o excelente design do equipamento. Tudo bate certo, as peças estão onde são precisas, basta saber que parafusos retirar e em que sequência para intervir facilmente no equipamento. Não foi tarefa fácil, certamente, todo o processo de desenho e concepção que permitem esta elegância e facilidade de intervenção.


Depois de desimpedida, um teste de impressão onde se comportou no seu habitual bom nível.

A intervenção em si demorou cerca de uma hora, parte da qual passada em arrefecimento do nozzle no exterior da máquina. O procedimento requeria esse teste, e como não é ideia sensata pegar na peça com os dedos para a recolocar no seu sítio com ela ainda quente, houve necessidade de um compasso de espera. Tempo esse em que, pacientemente, o elemento do apoio técnico foi respondendo a algumas dúvidas e perguntas, e me foi dando dicas interessantes sobre o uso destas impressoras.

Fiquei a saber que não preciso de ser tão rigoroso no carregar/descarregar filamento diário quando estamos em trabalho semanal. Não convém deixar a impressora carregada muito tempo para que o filamento não fique quebradiço e provoque problemas, mas de um dia para o outro, não há problema. Se o nozzle é uma peça de desgaste, que eventualmente ficará entupida, pode-se prolongar a sua vida útil carregando um pouco de filamento humedecido com azeite, para lubrificar e ajudar a manter a peça limpa. A estabilidade das calibrações deve-se ao eixo Z fixo, mas mesmo assim a primeira camada de qualquer trabalho de impressão tem sempre 300 microns, para compensar as potenciais diferenças de precisão de calibração dos utilizadores. E, interessante mas arriscado, o Beesoft tem um painel de controlo que permite controlar alguns aspectos da impressora (sensores, leds, ventoinhas), útil para diagnóstico, mas mantido oculto porque permite afinar a calibração da impressora, algo que é arriscado de modificar.

Agora, com a escola em obras, com paredes a serem demolidas próximo da nossa zona de trabalho, temos as impressoras desactivadas e protegidas nas suas caixas. Ainda não conseguimos continuar a testar a BEEINSCHOOL... mas setembro trará oportunidades para isso.

Saliento que este post não serve para apontar a excelência do apoio técnico da BEEVERYCREATIVE (sem desapreço pela simpatia e óbvia competência dos seus elementos). Esta experiência mostra algo que sentimos como importante em várias áreas. A importância do bom design, da atenção colocada na concepção para lá do nível técnico. Esta impressora é uma complexa máquina de precisão, claramente pensada para ser fácil de utilizar e manter. Chegar a este ponto é um processo difícil, que necessita da contribuição das áreas tradicionalmente mais ligadas à estética do que à tecnologia. A boa usabilidade (aquilo que normalmente se chama de uso intuitivo) consegue-se com um cuidadoso processo de concepção e desenho. É algo que claramente está presente na equipa de desenvolvimento da bee, que confesso não ver noutras equipes ou projectos open source, mais preocupados com a sua base tecnológica do que com o facto de os seus equipamentos terem de ser usados por meros humanos, com níveis de capacidade técnica muito pouco homogéneos e a tender para a inexistência, se a impressão 3D quiser cumprir a sua promessa de ser acessível a todos.

Ainda me sinto espantado por não terem sobrado parafusos.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Ping


Não um post em si, mais um listar cenas a fazer no meio de uma altura do ano que apesar de ter fama de ser leve e pouco trabalhosa, está a ser cheia de iniciativas, desafios, eventos e reuniões. Aqui por estes lados sente-se mesmo a necessidade de férias. Entre cansaço, responsabilidades e desafios, não tem havido tempo (ou capacidade mental) para posts que mantenham esta crónica das aventuras do 3D no mundo da educação. Estão a aguardar tempo para serem devidamente escritos, ficam aqui em resumo:

- Tive uma experiência fantástica a reparar um problema de entupimento na BEEINSCHOOL, com apoio técnico via Skype. Aprendi imenso, perdi medos, e notem, a ajuda simpática e impecável do pessoal da Bee aliada ao excelente design da impressora possibilitou que alguém como eu, claramente não techie, intervisse na impressora sem avarias nem parafusos a sobrar.

- O fim de semana passado foi algo alucinante, com mergulho no festival Sci-Fi Lx. Dois dias intensos com um workshop de impressão 3D e demonstrações contínuas no espaço do pavilhão principal do Instituto Superior Técnico. Na verdade, mais do que dois dias. Quando se colabora na organização, há que montar antes e desmontar depois. Como foram cedidos pela nossa escola computadores para apoio ao festival, digamos que ganhei músculo a calcorrear escada acima escada abaixo com torres de PCs e monitores debaixo do braço. Valeu a pena, e soube bem ouvir um dos organizadores observar que eu não te conhecia, só me diziam que eras o do 3D, mas a ajuda que deste foi above and beyond. Claro que percebi a referência a uma série clássica de FC militarista que passou na televisão nos anos 90!

- Depois de um fim de semana pesado, atingir o chão a correr... a maratona. A nossa escola iniciou o processo de obras de requalificação, ampliando a capacidade de resposta à comunidade e trazendo alguns desafios específicos para as TIC em 3D (a começar pelo acompanhamento possível e manutenção do funcionamento do sistema informático com as obras a decorrer). Custou ter de encaixotar as impressoras e parar as actividades, mas quando andam obreiros de maça em punho a mandar paredes abaixo, há que proteger o material.

- Por agora estamos imersos no congresso/formação Estimulo à Melhoria das Aprendizagens - (21st Century Classrooms), a decorrer no espaço da Fundação Gulbenkian. Notas rápidas: a sessão com Teresa Vandeirinho a mostrar possibilidades de reorganização espacial de uma sala de aula para a tornar mais propícia a novas formas de aprender e trabalhar (tenho a intuição que uma sala makerspace seria perfeita para nós, mas o sistema de ensino não se resume às TIC e outras disciplinas requerem metodologias próprias); perceber que os ecrãs ActivStudio têm o problema de sempre, aquela desadequação da superfície de toque ao interface do Windows, mas descobrir, grelhando o techie da Promethean que lá estava, que o ecrã tem um sistema operativo Android. Ou seja, se não lhe ligarmos um PC, está ali um tablet gigante; ficar espantado com a dinâmica do Agrupamento de Escolas de Atouguia da Baleia, e kudos pelo desafio awesome dos alunos em modelar o património local no Minecraft para imprimir em 3D (apesar de sentir que têm de aprender algumas coisas sobre modelação e impressão 3D para melhorar este aspecto do seu trabalho, o simples extrair mesh do Mineways e imprimir não assegura os melhores resultados); e, finalmente, ter frequentado um workshop de impressão 3D leccionado pela entusiástica CEO da BEEVERYCREATIVE. Aprendi coisas novas, e ajudou a perceber que estratégias de formação podem ser utilizadas. Esta área é nova, e aqueles que estão a desenvolver este tipo de iniciativas estão, de forma literal, a desbravar novos terrenos de aprendizagem. Não é fácil perceber como construir um workshop ou formação sobre impressão 3D quando não se tem referentes prévios de como agir. Pessoalmente, aprendo imenso a cada workshop TIC em 3D.

- O jogo Pokémon Go! explodiu na cultura popular e estamos a experimentá-lo. Para um projecto como o nosso, que explora várias vertentes do 3D, este jogo é fascinante pelas suas características tecnológicas de realidade aumentada geolocalizada. Ficámos espantados pela precisão dos mapas. Recorda um velho projecto nosso, daqueles que ainda não desistimos de desenvolver: narrativas em realidade aumentada utilizando personagens em 3D modeladas pelos nossos alunos. Quando andávamos a experimentar apps de AR, não conseguimos dar a volta ao Aurasma para introduzir conteúdo 3D. Será que agora já se consegue?

- Por falar em projectos... ainda não colocámos online os trabalhos dos alunos do 2º. semestre. Não está esquecido.

sábado, 9 de julho de 2016

XVI Encontro das TIC na Educação


Participámos no XVI Encontro das TIC na Educação, organizado pelo Centro de Competência Entre Mar e Serra nos dias 7 e 8 de julho de 2016, dinamizando um workshop sobre Impressão 3D e mantendo nos dois dias do evento um espaço de demonstração desta tecnologia. Durante os dois dias uma das impressoras BEETHFIRST do Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro esteve na zona do auditório da Escola Superior de Educação de Leiria, permitindo aos participantes contactar com esta tecnologia, conhecer o que se faz com os alunos do AE Venda do Pinheiro, como exemplo de utilização da impressão 3D em contextos pedagógicos.


Impressora a imprimir, e exemplos de duas vertentes de trabalho nas TIC em 3D.


Um espaço que, pela sua natureza, atrai a atenção dos participantes neste congresso.


No segundo dia do congresso, dinamizámos um workshop sobre introdução à impressão 3D.  Seguiu o seguinte esquema:

1. Introduzir o Tinkercad (espaço de trabalho/workflow/ferramentas; modelar um porta-chaves). Se queremos tirar partido do potencial da impressão 3D, aprender a modelar é fundamental. Há um gostinho especial quando vemos o extrusor a imprimir laboriosamente um objecto que saiu da nossa imaginação.

-- Intervalo -- (Dez minutos para os participantes, zero para mim...)

2. Imprimir em 3D: preparar modelos para imprimir, preparação da impressora, como funciona a impressora, imprimir modelos dos participantes. Foi este o momento em que saímos dos computadores e, reunidos à volta da impressora, os formandos descobriram o aspecto técnico da impressão 3D.

3. Apresentação 3D Printing na Educação: possibilidades, condicionantes, repositórios. Invertendo o esquema habitual deste tipo de sessões, o momento de reflexão ficou para o final. Permite que os participantes se iniciem na modelação e impressão 3D, com tempo para exploração prática.


Um workshop destes é um pouco ingrato. Cada um dos temas daria, por si, um workshop. Enfiar três num espaço de três horas, tentando que se consiga algo de tangível, é tarefa difícil. Creio que a tangibilidade da impressão 3D é melhor conseguida se os participantes conseguirem levar consigo algo que eles próprios criaram. Os tempos de impressão não ajudam. Vou rever o modelo destas sessões, aproveitando o tempo de aprendizagem de modelação 3D para imprimir objectos que possibilitem aos participantes levar algo consigo, mesmo que não seja o que criaram.


Um pormenor interessante desta sessão foi o cuidado que os participantes colocaram na aprendizagem da modelação 3D em Tinkercad. Não esperava que fossem tão meticulosos naquilo que foi, necessariamente, uma introdução liminar. Foram desafiados a criar um pequeno porta-chaves, e todos se esmeraram.  Consegui imprimir quatro... de vinte. Sala cheia, na Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, numa sessão entusiasmante que espero ter sido do agrado dos participantes.


Ainda houve tempo para uma pequena divulgação do robot Anprino. Apesar de discreta, teve mais impacto do que esperava.

Momentos interessantes deste evento:
- Mostrar e falar de impressão 3D em Leiria leva logo a conversas sobre a indústria dos moldes na Marinha Grande.
- É complicado falar da relação qualidade-preço dos equipamentos a um público de escolas públicas, habituadoos a contar os tostões. Sublinho sempre a importância dos objectivos pedagógicos a que quem se queira meter neste caminho pretende, e o potencial financeiro de prémios e outras iniciativas.
- Pelo sorriso dos participantes, o workshop funcionou bem e cumpriu os objectivos. Pelo menos um saiu de lá muito contente, com o seu objecto modelado e impresso em 3D, com aquele olhar de eu fiz isto. Raramente os participantes me dão o feedback negativo, que é o que realmente preciso para afinar metodologias e melhorar estes eventos. Note-se que se está a desbravar terreno novo, não tenho referências prévias como aluno para estruturar estes workshops. A cada um, reflecte-se e aproveita-se a experiência para que o próximo seja melhor. Mas confesso que tive um feedback fabuloso, com um formando a vir ter comigo, mais tarde, a cumprimentar-me como um "alto nível. Muito alto nível". Em seguida, sublinhou que considerou importante aquilo que digo no que toca à introdução desta (e de outras) tecnologias na sala de aula. Introduzir por introduzir é contra producente. Temos de ter objectivos pedagógicos definidos, precisamos de fazer um trabalho de investigação prévia. Sem isso, é mais um gadget que depois de algumas sessões a despertar interesse acaba a apanhar pó numa arrecadação esquecida.
- Pela primeira vez, tive várias mãos no ar quando pergunto quantos dos participantes são professores de áreas artísticas. Um deles, de Viseu, observou-me mais tarde que sente como importante ultrapassar a barreira conceptual das artes na adopção da linguagem das tecnologias. "Se não o fizermos, que é a língua que os nossos alunos falam, estamos a prestar um mau serviço educativo". Este professor, pelo que percebi do secundário e formador em cerâmica, traçou um paralelo entre a representação em vistas e perspectiva para concretizar algo em cerâmica e a modelação para impressão 3D.
- Pormenor divertido. No final do evento, na hora das despedidas finais, apanhei com o epíteto de profeta do 3D da parte de António Carvalho Rodrigues, o hiperactivo director do CCEMS. Profeta? Tenho de me livrar da barba, está-se a ver...

Agora é hora de descansar um pouco, após dois dias intensos com uma noite de festival NOS Alive pelo meio, e preparar o próximo, no festival Sci-Fi Lx. É bom perceber que mesmo com umas míseras três horas de sono em cima se consegue dinamizar um workshop durante mais de três horas e meia sem parar. Quando se gosta do que se faz, a energia surge naturalmente.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Workshop Aprender a Imprimir em 3D - Sci-Fi Lx.


Local: Festival Sci-Fi Lx (Instituto Superior Técnico - Sala a designar)

Inscrições: Workshop Aprender a Imprimir em 3D.

Data: 16/07/2016

Duração: 3 horas (14h - 17:30).

Número máximo de participantes: 15

A impressão 3D, não sendo uma tecnologia recente, despertou a atenção através da disponibilidade de equipamentos relativamente acessíveis e métodos simples de impressão de objetos. Promete mudanças potenciais de paradigma no design, concepção e manufactura, deslumbrando pela capacidade de materializar o digital em objetos que podemos tocar e manipular. A educação não é alheia a este potencial da impressão 3D e começam a dar-se  primeiros passos que tiram partido dela em contexto pedagógico.

Imprimir em 3D requer a mobilização de competências de design possibilitadas pela aprendizagem de modelação 3D, o que permite tirar um mais eficaz partido desta tecnologia.

Numa sessão de 3 horas, os participantes tomarão contacto in loco com impressoras 3D, sendo desafiados a criar um pequeno objecto impresso em 3D. Pretende-se com este workshop divulgar e demonstrar impressão 3D e introduzir os participantes à modelação 3D para impressão utilizando aplicações web.

Os modelos produzidos neste workshops serão impressos e entregues aos participantes durante o festival Sci-Fi LX.

Temas:
- Introdução ao Tinkercad;
- O que é Impressão 3D;
- Como imprimir em 3D;
- Aplicações de Modelação 3D.


Aplicações:
- Tinkercad
- netfabb
- beesoft

Público alvo: Todos os interessados
Material necessário: Computador portátil com browser capaz de correr WebGl (Chrome ou Firefox atualizado); Acesso Wifi.

Software e Materiais de Apoio: Serão fornecidas no início da formação as aplicações a abordar e documentação em PDF.

Condições de funcionamento: O workshop funcionará com um mínimo de 2 e um máximo de 15 participantes.

Formadores: Artur Coelho (Professor de TIC no Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro, mestre em informática educacional pela UCP, dinamizador do projecto As TIC em 3D) – CCPFC/RFO-31397/12.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Workshop Fab@rts


 É simples, é um princípio. Decorreu ontem na sala de informática da EB1 da Venda do Pinheiro o primeiro workshop no domínio do projecto Fab@rts: O 3D nas mãos da Educação. Participaram cerca de dezasseis professores de diferentes áreas disciplinares, que tiveram aqui o seu primeiro contacto com a modelação e impressão 3D. O grande objectivo desta sessão foi despertar a atenção dos docentes para o potencial desta tecnologia, desafiando-os a ter ideias sobre como a poderão utilizar nos seus contextos específicos.

Apesar do Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro dispor de duas impressoras 3D, uma adstrita às TIC/Projecto TIC em 3D, e outra ao Fab@rts/Centro de Recursos, falta ainda fazer o trabalho de divulgação junto dos nossos docentes. Parte deles já conhece e está habituado às actividades com impressão 3D, mas falta dar o necessário passo seguinte. Explorar o potencial desta tecnologia implica colocá-la nas mãos dos docentes, despertando-lhes a atenção, e desafiá-los a encontrar a sua faísca, o seu ponto de entrada que permita dinamizar actividades pedagógicas com esta tecnologia. Uma coisa é falar em abstracto do que é possível, outra é concretizar. Por cá, temos alguma experiência, mas demasiado restrita ao âmbito das TIC e das artes. Há que divulgar e desafiar outras áreas disciplinares.


O workshop foi leccionado em conjunto pelos professores coordenadores/dinamizadores das Bibliotecas Escolares do Agrupamento e Projecto TIC em3D.

A primeira boa surpresa foi a adesão dos participantes. Não esperava tantos, alguns muito insuspeitos. Tivemos cerca de dezasseis participantes, do primeiro ao terceiro ciclo, e vontade expressa por muitos outros que se tranquilizaram ao saber que este é o primeiro de uma série de iniciativas. Participantes que, sem experiência prévia de modelação 3D, se afadigaram a experimentar o Tinkercad, esforçaram-se por criar um objecto, e tiveram o prazer de o ver ser impresso durante o evento.

Minto, claro. Tenho ainda uns sete ou oito objectos para imprimir. Uma hora de impressão num workshop de três não dá vazão às encomendas.


Outro ponto interessante foi o permitir validar o conceito de abordagem nestes momentos. Isto é uma área nova, e trabalhamos sem referentes. Como é que se aborda? Quais são as metodologias mais adequadas? Penso que o carácter tangível da impressão 3D é mal servido se nos centrarmos unicamente nas perspectivas teóricas e possibilidades, com contemplação do funcionamento da máquina. É um princípio, mas temos que investigar e perceber como melhor transmitir o potencial desta tecnologia, focalizado nos contextos educativos. Outro elemento estruturante recai sobre a percepção que se a capacidade de descarregar modelos 3D para imprimir é importante (especialmente no contexto de disciplinas tradicionalmente mais teóricas), o verdadeiro potencial desta tecnologia só se revela quando aprendemos a modelar em 3D e seguramos nas nossas mãos os objectos que criámos.

O esquema que temos seguido até agora envolve um primeiro contacto com a impressora e seu modo de funcionamento, seguido de exploração teórica, finalizando com uma experiência prática de modelação 3D em Tinkercad. Este novo esquema, que queríamos experimentar no workshop previsto para Ílhavo (que não se realizou por doença minha), permite aos participantes aprender em 3D e terminar o workshop ou com o objecto na mão, ou pelo menos com a promessa da sua entrega.

A estrutura segue este esquema:
- Introdução à modelação 3D em Tinkercad, com um desafio específico de modelação simples. O porta-chaves personalizado, simples e individual, funcionou muito bem (cerca de uma hora).
- Exploração do lado técnico da impressão 3D: funcionamento e manutenção da impressora; preparação de impressão; técnicas de impressão 3D (cerca de trinta minutos, iniciando a impressão dos modelos produzidos na primeira parte).
- Abordagem às possibilidades e potencialidades da impressão 3D, definindo a tecnologia, experiências em contexto educacional, e condicionantes técnicas (tempo restante).
- Divulgação de repositórios digitais de conteúdo 3D (tempo restante).


O conceito funcionou, ficando validado. Na próxima sexta-feira, no workshop que será desenvolvido no XVI Encontro das TIC na Educação, vamos testar novamente e afinar a metodologia.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Flip the switch


Uma passagem que espelha muito bem a minha própria aprendizagem nos últimos anos:
"For me personally, the real treasure was never gold, but something far more precious. This maiden voyage of our little robot was a tremendous experience, but my journey started long before that day in the cave. My challenges were more fundamental than any technical design. I had gone from non-existent engineering or design experience to making substantial contributions to underwater robotics. A project that had seemed intimidating and impossible to me only a year earlier shaped me into a completely new person. I had flipped the switch from being a passive consumer of life to an engaged, creative participant in it. I had gone from Zero to Maker."
É este o espírito que se sente quando mergulhamos no mundo da fabricação digital. Uma sensação exponencial, em que cada aprendizagem traz a vontade de ir descobrir coisas novas. E, de repente, damos por nós com projectos inesperados a decorrer.

David Lang (2016). From Zero To Maker. Sebastopol: Maker Media.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Monstrinhos


A ideia não é, em si, nova. Na Maker Faire Lisbon o projecto Moyupi mostrou como se pode aliar o desenho infantil com um serviço de impressão 3D para criar brinquedos personalizados. Foi o que inspirou a encarregada de educação de uma das alunas que acompanhou o espaço das TIC em 3D na Faire. Professor, já viu aquele stand dos brinquedos impressos? E já sabe o que eles cobram por cada boneco? É uma quantia significativa, mas que me pareceu ajustada tendo em conta que são uma empresa, têm de suportar custos de equipamento e desenvolvem um cuidadoso trabalho de finalização da peça, polida e pintada à mão. Mas o desafio não se fez esperar. Professor, e se nós fizéssemos isto? Com os desenhos dos miúdos? Talvez os pais dos alunos pagassem!

Pessoalmente prefiro não entrar no terreno pantanoso das vendas (este é um projecto de escola, no fim de contas), mas a uma ideia de resultados giros que poderia ajudar no financiamento com doações não se diz que não. A inspiração parte da Moyupi, mas sublinhe-se que estes não são donos do conceito de transformar desenhos infantis em objectos físicos. Há por aí bastantes projectos semelhantes, em diversas tecnologias. Além disso, a capacidade técnica deles é muito superior à nossa. 

No dia seguinte, regressou para mais uma tarde passada na Faire, e trouxe consigo o caderno de desenhos do sobrinho, cheio de monstrinhos adoráveis. Seleccionei um, e atirei-me à modelação 3D no Tinkercad.


O primeiro protótipo ficou com este aspecto. O modelo foi feito com o criador do desenho ao lado, a explicar como é que tinha imaginado as formas que registou no papel.  Talvez, futuramente, tenha forma de ensinar este tipo de técnicas em workshop para crianças?


Quando já se conhece as agruras da impressão 3D, sabe-se que se tem de adaptar o conceito ao que realmente será impresso. Alguns elementos tiveram de ser engrossados, para que o boneco se aguente estruturalmente. Sabendo que um objecto destes depende muito de estruturas de suporte na impressão, desenho-os com uma base, que facilita a aderência dos suportes e mantém o boneco na posição desejada. A raft faria o mesmo efeito, mas com menor qualidade final (e se alguém souber uma forma de retirar uma raft da base layer que não envolva escavar com um x-acto à volta, partilhem a técnica).


Cá está o monstrinho, versão 1. Há alterações a fazer, especificamente na grossura dos braços e tamanho dos dentes. Uma versão mais polida teria que ser feita em peças separadas, para evitar as imprecisões trazidas pelos suportes. O conceito está validado. Talvez para o ano tenhamos um serviço de impressão de objectos personalizados, recordações tangíveis da imaginação das crianças, perfeitos para as estantes ou secretárias dos pais?

Esta foi a impressão inaugural da impressora BEEINSCHOOL. Sobre isso, mais à frente... mas digamos que estamos muito contentes!

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Impressão 3D nos Encontros sobre Diferenciação Pedagógica.


Em Setembro, no âmbito das actividades previstas no projecto Fab@rts, eu e a Profª. Jacqueline Duarte, coordenadora das bibliotecas escolares do AE Venda do Pinheiro, iremos dinamizar um workshop  de introdução à impressão 3D no III Encontro do Centro de Formação Associação de Escolas Rómulo de Carvalho (Mafra), subordinado ao tema Diferenciação Pedagógica. Para mais informações descarreguem o folheto do evento. Inscrições até dia 20 de julho neste link: Diferenciação Pedagógica.