segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Impressão 3D no Fórum Fantástico 2016


Workshops destinados a um público generalista são-nos mais exigentes do que aqueles focados em alunos e professores. A estrutura narrativa de um evento destes, que temos orientada para questões pedagógicas, criativas e técnicas, tem de ser alterada na hora de acordo com as questões colocadas pelos participantes. Todo o lado de possibilidades educacionais desta tecnologia tem de ser colocado de parte, o que nos é muito difícil. São elementos que tornam estes momentos mais desafiantes. Obrigam-nos a pensar fora das linhas estruturantes, a adaptar discursos, percebendo o que é que os não-professores querem saber sobre esta tecnologia. Outro pormenor, que quem está ligado ao ensino repara, é que os participantes não agem de acordo com a linearidade do público educacional, colocando questões e comentando activamente durante as demonstrações. Com professores ou alunos é o oposto, o que diz muito sobre a postura tradicionalista inerente aos processos de aprendizagem na escola. As questões foram mais que muitas, e a algumas não tivemos resposta. Não imaginávamos (nem de tal nos lembraríamos) que houvessem vários tipos de G-code.  A wikipedia regista que has many variants. Que bom.

Bem, qualquer workshop a que se sobreviva e ainda se aprenda algo de novo só pode ter funcionado bem...


O tempo foi outro factor limitativo. Reduzido a uma hora e meia, teve de ser com os participantes à volta da impressora. Durante o evento abordámos o conceito de manufactura aditiva e impressão 3D, alguns componentes do hardware da impressora, preparação e manutenção do equipamento, software de slicing, técnicas de impressão, preparação de uma peça da modelação (a parte que teve de ficar de fora deste workshop) à validação de mesh com deteção e correção de erros, sublinhando sempre a importância do saber modelar em 3D para libertar o potencial de personalização extrema de objectos desta tecnologia. Algo que até agora só era possível, e esperado, aos artesãos, fica ao alcance de todos os que sentirem a chama da criatividade. E, claro, muitas impressões. Arregimentámos voluntários entre o público para estas operações. É o hands on possível nestes momentos.


BEE aberta? Não, não tivemos encravamentos de filamento. A impressora está aberta porque no início mostrámos o seu interior, para que os participantes vissem o extrusor da BEEINSCHOOL, e com a intensidade do workshop esquecemo-nos de voltar a colocar as tampas. Foram, de facto, 90 minutos intensos e não tivemos tempo de fazer registos fotográficos. Felizmente, o escritor Joel Gomes fotografou, filmou, e partilhou alguns momentos do evento no Periscope.

Se o espaço de trabalho parecer estranho... é porque era um palco. Com a indisponibilidade de salas na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, o workshop teve de decorrer no palco do auditório. No passado sábado, a impressão 3D subiu ao palco...

O feedback do público foi muito positivo. Saímos de lá com um desafio para a Spring It, para partilhar esta tecnologia junto de cosplayers (e deveria ter ficado com o contacto de quem nos desafiou, porque a combinação de Pepakura e resinas tem coisas que precisamos de aprender para melhorar o resultado final dos processos de impressão), e demos ideias ao SciFi Lx que... bem, revelar poderá ser excesso de optimismo, mas os boardgames e a impressão 3D poderão dar conjugações interessantes. Para o ano, com apoios, o Fórum Fantástico poderá enquadrar uma iniciativa mais avançada deste género, nos moldes de um mini-curso de introdução à modelação e impressão 3D.


Normalmente, nestes eventos, continuamos as atividades num espaço tipo banca, ao longo dos dias. Não queríamos isso, neste Fórum Fantástico, por isso findo o workshop a impressora regressou e nós mantivemo-nos no festival. Ao passar pela banca do projecto Imaginauta, reparámos que os imaginautas que imprimimos em 3D para o Conversas Imaginárias de 2015 continuam a proteger a antologia Comandante Serralves.

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