segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Maker Faire Rome 2019


Digamos que foi uma ideia de sanidade algo duvidosa. E porque não candidatar as TIC em 3D/Fab@rts à Maker Faire Rome? Diga-se que conseguir estar presente naquele que é o maior evento maker europeu, e dos maiores a nível mundial, é um velho sonho. Conseguir-se-ia? Uma escola de portuguesa de periferia conseguiria representar Portugal neste encontro de empresas, fablabs, centros de investigação, makers e universidades? Para grande surpresa nossa, sim. E por isso, infelizmente sem alunos, arrumámos as malas e de 17 a 20 de outubro rumámos à cidade eterna.


Não tínhamos, assumidamente, o espaço mais vistoso do evento, para gerir o espaço disponível em malas. Mas conseguimos levar robots, programas e modelos 3D criados pelos nossos alunos, alguns dos quais feitos de propósito para este evento por insistência dos elementos do clube de robótica. Mais do que a vitória de estar presente na Maker Faire, é esta coesão e sentimento dos nossos alunos, de se sentirem representados lá fora, o que aquece realmente o coração.



Projetos micro:bit, programação de jogos, programação de robots, impressão 3D, foi o que mostrámos aos visitantes.



E, claro, o nosso robot anprino a pintar, correndo o código desenvolvido no ano passado pelos nossos alunos do clube de robótica.


Numa feira tão intensa e cheia de projetos como a Maker Faire Rome, o nosso espaço não era daqueles que despertava mais atenções. Nem faria sentido que tal fosse. O nosso orgulho é o de ter levado um pouco daquilo que os nossos meninos e meninas fazem, a este evento de partilha. Mas não éramos invisíveis, e despertámos a curiosidade de bastantes visitantes, que ficaram a saber que, por Portugal, programação, robótica e 3D são ferramentas nas mãos das crianças.


Tínhamos poucos objetos, mas a presença complementava-se por cartazes que mostraram algumas das nossas áreas de atuação.


Este foi o momento mais tocante da nossa estada na Maker. O momento em que um menino autista fica de atenção desperta, e começa a brincar com o robot anprino. O pai senta-se no chão, protegendo-o com ternura. O anprino sobreviveu. Uma criança ficou com uma memória feliz. E nós, também.


É de observar que é um orgulho ver os miúdos romanos a descobrir os programas feitos pelos nossos alunos. Mesmo que sejam jogos algo surrealistas.


Não estivemos na Maker apenas para mostrar. Fomos para aprender e descobrir. Exploraremos o muito que por lá vimos noutros posts, mas não resistimos a mostrar estes dois: um kit iniciação do projeto Mission Control Lab, uma start-up de tecnologia educativa americano-holandesa, e os Varikabi, robots totalmente analógicos (só eletrónica, sem programação, como nos explicou um dos seus criadores). Suspeito que em breve o Varikabi que trouxemos de lá vai estar a mexer-se na biblioteca da escola....


Para terminar, um pouco de vandalismo. Adoraríamos ter trazido o banner que identificava a presença do Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro na Maker Faire Rome, mas não cabia nas malas. Ficámos com este excerto, que já está no espaço Maker da biblioteca, recordação tangível de quatro dias extraordinários em Roma. Quatro, disseram, como, se a Faire teve três? Partimos um dia antes, para montar o espaço atempadamente, e mal se chega à gigante Fiera di Roma, com seis dos seus enormes pavilhões ocupados por projetos, começa a descoberta e aprendizagem.


Até que ponto é importante esta Faire? É visitada por dezenas de milhar de visitantes (não é um exagero). Em toda a cidade de Roma, encontra-se divulgação do evento. Em qualquer viagem de metro, era impossível não escapar à Maker.


Neste final de aventura, cansados, mas orgulhosos por esta vitória, o trazer aquele projeto que já se desenvolve desde os velhos tempos de EVT à Maker Faire Rome. Para quem se está a habituar ao informalismo da nossa cultura maker, isto é todo um outro nível, onde empresas, fablabs (curiosamente, poucos), universidades pequenos negócios e escolas coexistem. Neste aspeto, confirmámos este ano que nós não estamos nada atrás, e fazemos nas escolas o que fazemos com meios e recursos vastamente inferiores ao que por aqui se faz. Mas é bom recordar que isto não se consegue sozinho, se conseguimos estar aqui, é graças a muita gente que nos rodeia e inspira. Aos alunos que nos aturam. Aos colegas que nos suportam, especialmente nos dias de stress. À diretora e equipe de direção de uma escola que está no coração, porque não só apoia, dentro do que é possível, como ainda pergunta e porque não. Tal como a inspiração da presidente e elementos da ANPRI, uma associação que tem revolucionado a computação na educação portuguesa, e é conhecida pelos seus olha, e que tal se... Aos professores, clubes e projetos que temos conhecido nestes anos, que mostram o que se pode fazer (e, que provavelmente, estariam muito mais apropriadamente na Maker Faire do que nós). No man is an island, standing on the shoulders of giants, etc.. Frases lugar-comum, mas que são verdades elementares. Obrigado a todos. Sem vós, não teria valido a pena levar Portugal e o Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro ao maior evento Maker europeu.

Gostaríamos de regressar. Mas com alunos, para que eles descubram o fervilhar incrível de ciência, tecnologia e criatividade do ambiente deste evento.

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