Começar o novo ano com um regresso aos desafios anteriores. No âmbito do VIII Encontro do CFAERC, dinamizámos um painel dedicado à capacitação digital. O painel "Ações de Capacitação Digital: partilha de práticas com tecnologias criativas", permitiu-nos dar voz aos formandos das formações que dinamizámos no CFAER (a de capacitação digital nível 3, e a muito divertida, pelo menos do meu ponto de vista, Tecnologias Criativas). Este momento de partilha iniciou-se com o diretor do centro de formação, Carlos Manique, e Marília Peres, a apresentar o livro digital sobre o impacto das ações de capacitação digital desenvolvidas em Mafra.
Para começar o painel, espaço à minha colega de longa data, Carla Farinha, que mostrou aos participantes uma experiência de uso de inteligência artificial na aula de Português. Desafiou os alunos a criar, usando a GauGAN da Nvidia, fotos de paisagens que nunca existiram, para em seguida construírem pequenos textos descritivos a partir dessas imagens. No rescaldo dessa partilha, permitiu mostrar o quanto a tecnologia de geração de imagens por inteligência artificial evoluiu, mostrando-se algoritmos como o DALL-E ou Stable Diffusion.
Seguiu-se a Maria João Marques, docente da secundária de Mafra, que partilhou uma experiência de animação com programação em ambientes visuais desenvolvida na formação Tecnologias Criativas. Um pequeno exercício de storytelling com programação tornou-se uma animação complexa.
Tinha pensado deixar para o final da sessão a minha intervenção, mas depressa percebi que a sessão deveria ser encerrada por outra experiência. Nestes momentos, gosto de ir fora da caixa e testar novas ideias e tecnologias. Tenho andado a experimentar fortemente com digitalização 3D (lidar e fotogrametria), e partilhei um pouco do que se pode fazer com essas tecnologias.
O foco principal está no telemóvel, pela sua portabilidade. No caso do iPhone, pelas capacidades dos sensores Lidar, e no caso dos Android, pelas várias apps que permitem fazer fotogrametria com facilidade (por pura sorte, a Polycam disponibilizou o seu modo fotogrametria alguns dias antes desta sessão). Levei telemóveis para se poder experimentar, mas optei por não o fazer, porque queria dar o máximo de espaço à última intervenção do painel.
Que foi divertida e muito bem sucedida. Dinamizada por Patrícia Castelhano, docente do 1º ciclo na Ericeira que partilha comigo o estatuto de exilada da antiga EVT, propôs um atelier de construção de robots desenhadores com Lego. Uma proposta enganadoramente simples, que surpreendeu e alegrou os participantes.
Foi o melhor momento desta formação (sem demérito para as restantes partilhas), deixado para o final precisamente para gerar mais impacto. Porque era isto que se pretendia, desmistificar tecnologias, mostrar que as abordagens ao digital na sala de aula não têm de passar pelo formalismo da criação de documentos, apresentações ou padlets. Podem apostar na criatividade, no cruzamento de expressões artísticas com as potencialidades do digital.