Esta semana, as TIC em 3D estiveram no espaço Sala de Aula do Futuro, organizado pela Equipa de Recursos Tecnológicos Educativos da Direcção Geral de Educação na Futurália, evento na Feira Internacional de Lisboa dedicado à educação e formação. Estivemos presentes a convite da DGE, que nos forneceu uma Beethefirst+ e um portátil Tsunami ao abrigo de protocolos com a BEEVERYCREATIVE e JP SáCouto Inspiring Knowledge. Quatro dias muito intensos a imprimir, partilhar conhecimento, ensinar, educar e mostrar como é que podemos aproveitar a impressão 3D (associada à modelação) em sala de aula, com projectos concretos que mostram possibilidades de integração curricular. Concretos, e já a decorrer na nossa escola, com muito e gratificante esforço.
Pormenores técnicos: Adorei a beethefirst+. Apesar de não a ter testado nas funções que a distinguem das bees clássicas (pause print, imprimir desligado da corrente, filamento não PLA), fiquei muito bem surpreendido com a limpeza do plug & play, estabilidade, e funcionamento global. Tinha alguma reticência em ligá-la ao meu computador, como uso habitualmente a beethefirst, mas não tive quaisquer problemas. Ligou, calibrei-a, imprimiu sem problemas. Nos restantes dias utilizei o portátil Tsunami, que com uns exíguos 4GB de RAM (eu sei, esta memória é standard na maioria dos portáteis no mercado, mas quando trabalhamos com 3D faz jeito ter mais memória), sabia que iria dar-se bem com o beesoft, e imprimi sem quaisquer problemas. Pormenores que não gostei: o Beepack (caixa que permite guardar e proteger a impressora e os materiais) torna-se exíguo para o transformador da Beethefirst+ e restante cablagem; o autocolante que identifica o filamento nos rolos está colocado no lado que vai ficar encostado à impressora, o que complica um bocadinho o processo de carregamento no Beesoft quando tem que se indicar o código do filamento para aplicar o perfil de impressão correcto, se não se tiver a caixa à mão. São pequenos pormenores. Das bee já se espera qualidade, e esta está à altura das expectativas.
O lado plug & play (que no caso das bee não é plug & pray) é um aspecto importante desta tecnologia. Sabemos do fascínio, e capacidades, das Prusa e restantes kits DIY/open source, mas também sabemos a importância de resultados imediatos e fiabilidade na sala de aula. Quando se tem projectos com alunos do ensino básico que se focam no design e concepção, o tempo para resolver problemas de hardware ou configurações é nulo. As bee distinguem-se positivamente por isso. Não que não seja importante o aspecto de tinkering tão querido pelos makers, e é essa a razão porque ao falar desta tecnologia, abro as partes acessíveis da bee para poder mostrar o que lá está dentro. Mas para quem se quer concentrar nos aspectos estéticos, de design e pedagógicos, ajuda imenso ter uma tecnologia que nos liberta das configurações mais complexas.
Apanhado pelo Paulo O Robot Ajuda Torcato a retirar os suportes da primeira impressão dos quatro dias. Momento zen?
O escritório: espaço da impressão 3D na sala de aula do futuro. Era o menos interactivo dos espaços, porque ao contrário da robótica com lego, quadros interactivos, tablets para pesquisa e vídeo, é difícil ter procedimentos rápidos de modelação e impressão 3D. Mesmo que se conseguisse fazer uma actividade rápida de modelação 3D (e o Tinkercad permite isso), o tempo de impressão é imperdoável. Mas não se pretende, como noutros stands, o endeusamento da máquina de impressão para que os visitantes se fascinem com a impressão. Na prática, mostrámos aos visitantes o processo pedagógico de modelação 3D aplicada às TIC ou a projectos interdisciplinares que tem na impressão 3D uma ferramenta de concretização. Ferramenta espectacular, mas ferramenta, e não fim em si mesmo.
É impossível não ter uma pontinha de orgulho nesta imagem. Espero ter representado bem o Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro. Este trabalho, e os sucessos que tem trazido, só é possível graças aos alunos, restantes professores e apoio das estruturas de gestão. Posso ser eu a estar nos locais, mas o trabalho representa o resultado dos esforços de uma comunidade educativa, da qual faço parte. O mesmo se aplica a outros sucessos nossos, ao nível das bibliotecas escolares, etwinning e outras iniciativas.
Os projectos de 3D, junto ao nosso kit CodyRoby, também estavam presentes noutro espaço da futurália, o stand da ANPRI.
Um instante de tecnologias a falar português: a Beethefirst, desenhada, concebida e manufacturada em Portugal, controlada por um portátil da empresa portuguesa JP SáCouto.
Imprint education? Na primeira impressão do Tsunami, como não tinha nada configurado no computador, imprimi a abelinha da Bee como teste.
Por óbvias razões profissionais, o momento mais alto destes quatro dias, quando o Ministro da Educação visitou o espaço Escola do Futuro. Tive a oportunidade de explicar o conceito das TIC em 3D, focalizada não no deslumbramento com as maravilhas da tecnologia mas com o seu aproveitamento como ferramenta ao serviço das aprendizagens, com integração curricular, estimulando interdisciplinaridade e áreas STEM com toque artístico. Neste momento, mostro o primeiro resultado do projecto Moléculas na Palma da Mão a um ministro que é cientista, e já passou pelo ITQB, com o qual colaboramos nesta actividade.
Momento que superou a conversa que tive com uma simpática senhora, que me colocou muitas questões sobre currículo e esta tecnologia, que só depois vim a descobrir que se tratava da secretária de estado do Ensino Superior. Mas, apesar da importância institucional, que está em paralelo com o momento em que um grupo de professores estrangeiros em Erasmus, de visita ao nosso espaço, me diz que aquela foi a primeira vez que tomaram contacto com a impressão 3D. Com tecnologia portuguesa e inserida num projecto pedagógico, tive de sublinhar.
Não disponho ainda de fotos das interacções com os visitantes. Eventualmente, os fotógrafos ao serviço da DGE irão partilhar os seus registos. Encontrei esta nas redes sociais, que ajuda a mostrar o processo de demonstração. Não é apenas contemplar a impressora, mas descobrir como se modela em 3D, demonstrando técnicas simples em Tinkercad e Sketchup (o follow me é excelente, surpreende todos), falando da preparação do objecto a imprimir, até mostrar o processo de impressão em si, abrindo a máquina para se perceber o que lá está dentro.
Ou seja, prego valentes secas aos visitantes.
Adorei o comentário que estava nas conversas desta foto: é um professor que faz maravilhas com uma impressora 3D. Oh, wow!
Encerrámos com a impressão de um Piscas, a mascote do projecto Seguranet, à escala original, temporizado para estar quase pronto aquando da visita do ministro.
Foram quatro dias intensos, cansativos mas recompensadores. Não posso deixar de agradecer ao Dr. Vítor Figueiredo pelo desafio, à equipa da ERTE-DGE pela simpatia (com um abraço especial à Vânia Ramos, porque me desafia a fazer coisas bonitas), à BEEVERYCREATIVE pelo apoio. E à comunidade educativa à qual pertenço, porque sem eles estes projectos não seriam possíveis. Espero ter estado à altura.
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