Dia 8 de fevereiro, por Leiria, em partilha de conhecimentos e projetos de impressão 3D. A pensar no desafio de implementar abordagens ao imenso material dos LED, o CCEMS organizou um encontro de formadores da zona oeste, para discutir metodologias e meter as mãos na massa.
Coube-me partilhar o que sei sobre impressão 3D na educação, representando também o CFAERC neste encontro. Há alguma ironia nisto, dado que nos últimos anos os meus caminhos têm passado mais pela programação, robótica e IA, para mim o 3D normalizou-se. Mas há pormenores que vale sempre a pena sublinhar:
- Não vale a pena preocuparmo-nos com as afinações máximas dos softwares ou das impressoras, com as temperaturas exatas dos filamentos ou se afinar um dado pormenor vai garantir uma pequena melhoria nas impressões. O verdadeiro objetivo não é fazer impressões de muito alta qualidade, mas sim ajudar o maior número possível de crianças e professores com pouca ou nenhuma experiência nisto a criar e imprimir. Há sempre uma tendência, especialmente se há docentes mais técnicos envolvidos, de se focar em detalhes complexos, mas isso é contraproducente. Numa das sessões, um participante, ao perceber que o Tinkercad não permitia operações elemates como fillets ou revolves, teve de compreender que é precisamente pela sua simplicidade que esta é das melhores plataformas de desenho 3D para educação. E a melhor impressora do mercado... é aquela que temos à mão, porque quer-se uma ferramenta para fazer coisas, e não ficar a sonhar com constantes melhorias.
- Manter as coisas simples é essencial. Para mim, é uma tortura ensinar formandos e alunos a modelar o clássico porta-chaves, aka a maldição dos makers. Mas para a maioria dos formandos, e para todos os alunos, conseguir em poucos minutos criar um projeto destes, passando do zero de conhecimentos a iniciar o domínio das ferramentas, é um enorme passo e uma vitória. E é esse o objetivo fundamental, não interessa, como professor, ir para uma aula ou formação dar espetáculo com as minhas fantásticas capacidades de modelador (não são tão boas quanto isso, mas percebem a metáfora, espero). Interessa que consiga passar aos meus alunos o conhecimento elementar para eles iniciarem os seus percursos.
- As impressoras 3D por si só são inúteis (esta deixa sempre os formandos com ar surpreendido). Se ficamos deslumbrados pelo fulgor da máquina, ou se as usamos para imprimir modelos encontrados em repositórios online, estamos muito longe do foco educativo, que é estimular capacidades nos nossos alunos. Sacar da net e meter a imprimir não é uma capacidade. Aprender a modelar, e com isso todos os processos de abstração e conceptualização que lhe são inerentes, isso sim é capacitar. Nesta vertente, ao permitir tangibilizar os projetos das crianças, a impressão 3D torna-se mais valia. Mas não é o essencial.
- A IA está a trazer novas vertentes de exploração. A geração texto/imagem para 3D é uma interessante base de trabalho, e a NeRF/Guassian Splat uma tecnologia supreente que traz novas capacidades ao 3D.
Um dia intenso, por Leiria.