domingo, 23 de novembro de 2014

Workshop Introdução ao Sketchup

(Fotos do Paulo Torcato)


E ontem foi assim, na Sala de Aula do Futuro da Fundação Portuguesa das Comunicações. O primeiro workshop formal de Sketchup para professores dinamizado pela Anpri. O concretizar de um velho sonho meu, que francamente achava impossível de se concretizar, mas em que a Fernanda Ledesma deve ter visto a faísca de algo interessante e lançou o desafio. Espero que tenha valido a pena para os participantes. Para mim foi um momento que valeu mesmo a pena.


O workshop foi intensivo, mas funcionou como uma aula normal minha a alunos de 7.º ano. Parti com um desafio simples, criar uma pequena casa, que serve para mostrar como trabalhar com as ferramentas de traçagem, modelação e posicionamento no espaço tridimensional. Depois de deixar brincar com este desafio, mostrei o follow me, a modelação por revolução on steroids


Coisas que descobri neste momento: aqueles que trabalham intensivamente com desenho vectorial adorariam que o Sketchup permitisse curvas de bézier (eu também); é preciso pensar como um escultor para perceber bem a modelação neste programa, wibbly wobbly aplica-se bem à geometria e operações complexas, já timey wimey nem por isso (whovians get it); ninguém tinha uma banana (one should always bring a banana to a party, novamente whovians get it).

Estou contente. Não foi um momento hashtag fa-ail! Tive cerca de oito formandos, apesar de uma lista de presenças que prometia muitos mais. Vejo isso como não foram só oito, já foram oito. Neste tipo de projectos, um pouco fora da ribalta das TIC, que neste momento passa, e muito bem, pela robótica, open hardware e programação, com um pé nas artes, não é muito óbvio à primeira vista qual a sua vantagem. Num final de um período lectivo particularmente difícil e humilhante para os professores, perante um ministério em fim de vigência que intensifica os esforços em todos os quadrantes para denegrir, prejudicar, dificultar as condições de trabalho, no fundo demolir a profissão docente, o cansaço e a desmoralização são se calhar factores que se têm em conta quando temos de acordar cedo a um sábado de manhã para ir a um workshop. Enfim. Pessoalmente faço estas coisas e não baixo os braços, mas faço-o com a plena consciência dos tempos danosos em que vivemos, da duplicidade das instituições que nos tutelam, dominadas por zelotas de interesses financeiros pouco claros mas muito óbvios, e dos caminhos de derrocada trilhados pelo sistema de ensino português. Os cada vez menos professores que investem em clubes, projectos e ideias inovadoras fazem-no apesar de todos os obstáculos com que cada vez mais se deparam.

Não consigo deixar de manifestar os meus agradecimentos à Associação Nacional de Professores de Informática, especialmente à Fernanda Ledesma, cuja tranquila discrição esconde um enorme dinamismo, a todos os participantes, e ao Dr. Vítor Cardoso, meu ex-orientador de mestrado e mentor nestas coisas do 3D virtual, que há uns anos atrás, nos primórdios da minha tese, me disse e que tal se experimentar um pouco de Sketchup (foi quase numa outra vida, e nalgumas dimensões da minha vida pessoal foi mesmo numa outra vida). Agora, próximo desafio: um workshop sobre animação 3D. E a seguir, uma acção de formação sobre 3D com sketchup (que, sem querer soar convencido, é capaz de ser a primeira acção de formação para professores dedicada ao 3D. Sou capaz de estar enganado, mas nas áreas geográficas/centros de formação em que me movo nunca dei com nenhuma do género).

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