Um dia recheado de boas surpresas, ontem, no Agrupamento de Escolas Cidade do Entroncamento. Começo por esta. Quando a professora do grupo de formandos me perguntou se podia ajudá-la a imprimir alguns objectos, confesso que nem registei, ocupado como estava com o arranque da sessão. Foi só no final da impressão que percebi o que se passou. Pediu-me para ajudar a imprimir protótipos de um projecto de um dos seus alunos, que está a desenvolver tecnologias assistivas para a sua prova de aptidão profissional. Compreendi o impacto. Após as sessões de formação dinamizadas sobre impressão 3D e modelação em Tinkercad, esta professora passou os conhecimentos aos seus alunos, que estão já a desenvolver trabalho com estas tecnologias. Fiz questão de referir que aquele objecto era um marco: o primeiro objecto criado por alunos do AECE, impresso na sua impressora.
Nem sempre temos consciência do impacto que provocamos enquanto formadores. Esta foi a primeira vez que senti, realmente, que os meus esforços estão a ter resultados. Uma coisa é ouvir a opinião dos formandos, entusiasmados com as sessões de formação. Outra, é segurar nas mãos um objecto cuja génese foi despertada pela minha partilha de experiência de modelação e impressão 3D. E, claro, do dinamismo e vontade de evoluir do grupo de docentes que me desafiou a fazer estas sessões de formação.
A outra grande e boa surpresa foi chegar à escola do Entroncamento e ver-me levado para outra sala que não a de informática. A sala de aula do futuro do AECE está quase pronta e o professor Arnaldo, sub-diretor do Agrupamento e, com o seu tranquilo dinamismo, grande impulsionador deste projecto que está a crescer, sem pressas, mas com muita reflexão e certeza nos passos que dá, levou-nos a fazer esta sessão utilizando o novo espaço e os seus equipamentos. Diga-se que a flexibilidade das cadeiras dá que pensar no que toca a dinâmicas e organização de projectos em sala de aula. Uma coisa é assistir a demonstrações, e tenho visto bastantes, outras é sentir na pele que as pessoas não estão sentadas em fila, ou estáticas frente a uma secretária. Fiquei com o bichinho. Até porque resolve o problema das salas TIC em U, o como chegar aos alunos, quando se tem pelo meio cadeiras e secretárias para tornar a sala multi-funções.
Coisas que se aprendem experimentando, a prática da impressão 3D, a imprimir os projectos dos alunos.
Coisas que adoro: os sorrisos no rosto dos formandos, quando estão a desenhar em 3D nos seus computadores.
A sessão foi dedicada à modelação 3D com Sketchup, um pouco em modo missão impossível. Em seis horas, uma simples demonstração não bastava, mas o tempo também não era o suficiente para uma exploração guiada aprofundada. Deixei dois desafios que deram aos formandos algum tempo para experimentar recursos e começarem a modelar nesta poderosa aplicação. Mais em modo demonstração, falei dos passos necessários para preparar um modelo 3D para impressão, combinando técnicas de modelação e correcção no Sketchup, Meshlab e netfabb. Partilhando também bibliografia e os recursos que arquivo na página de Tutoriais, dando materiais para que possam desenvolver autonomamente as suas capacidades de modelação.
Ontem também foi dia de experiências. A primeira, ver se o Sketchup corria nos tablets HP (a correr windows) destinados a uso na sala de aula do futuro desta escola. Instalou e correu, mas não consegui perceber a usabilidade. Outra, depois de me assegurar que os tablets dispunham de potência computacional suficiente. Com 4 GB de RAM, e uma porta USB normal, foi fácil instalar o Beesoft, ligar-lhe a BEEINSCHOOL e testar imprimir em 3D.
Funcionou, sem problemas. Estes pequenos conversíveis da HP pareceram-me muito apetecíveis...
A sala de aula conta também com uma mesa interativa ActivTable da Promethean, que ligámos para experimentar. Pessoalmente, os pacotes educativos da Promethean interessam-me pouco. Não escrevo isto a desvalorizá-los, claro, compreendo o seu impacto e usabilidade em diversas áreas disciplinares. Mas aplicações educativas não fazem aquilo que eu quero estimular nos meus alunos: desenhar e modelar em 3D nestes meios. Depois de umas experiências com as apps ActivTable, não resisti a fazer um teste com o Tinkercad. E... funcionou. Claro que a webapp não está optimizada para toque, mas estas mesas interactivas correm Windows, um browser actual com WebGL aguenta-se, seria uma questão de habituação ao interface. Modelar em 3D assim tem o seu quê de Minority Report.
A última experiência do dia. E se.... a ActivTable é de facto um PC integrado, porque não testá-la como suporte de impressão 3D? O processo de instalação do BEESOFT foi em tudo igual ao que seria num computador (como não poderia deixar de ser), os drivers da impressora não se importaram com o sistema, apenas a interacção de toque me pareceu pouco sensível, mas note-se que estas aplicações estão pensadas para um GUI tradicional e não interacção de toque. Ao fim de pouco tempo, pude dizer ao subdiretor do Agrupamento de Escolas Cidade do Entroncamento olhe, a sua mesa já está a imprimir...
Confesso que me tem dado imenso gosto colaborar com a equipe de professores deste Agrupamento que está a criar a sua Sala de Aula do Futuro, partilhando com eles o que sei de modelação e impressão 3D para os ajudar a potenciar esta vertente pedagógica de inovação tecnológica. Falta só mais uma sessão, destinada ao público mais fundamental de todos: alunos do Agrupamento, para lhes dar a conhecer estas tecnologias, e estimulá-los a levar os seus professores, formandos nestas sessões, a trazê-la para os seus projectos.
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