sábado, 3 de outubro de 2015

Conexão de rede


O tema era Build the Network e era a isso que se destinava este primeiro congresso dos professores de informática. Organizado pela ANPRI, reuniu em Lisboa nos dias 2 e 3 de outubro um número assinalável de docentes da área que assistiram a apresentações informativas, keynotes que deram alimento ao pensamento e momentos de partilha. A grande virtude foi o ter reunido num mesmo local uma comunidade de docentes dispersa pelo país, cada qual com a sua experiência e contexto, permitindo partilhas e o encontro real de muitos que se vão cruzando na vida virtual.

O programa foi extenso e ambicioso, contando com a participação de muitas entidades parceiras da ANPRI. Poderão não ter sido as apresentações mais cativantes, mas sublinharam um lado fundamental da nossa tarefa enquanto docentes: estar atento ao que está para lá de nós. Às oportunidades de formação, necessidades e condicionantes do mercado de trabalho. É um lado mais cinzento, certamente não tão divertido como falar de robótica ou comparar sistemas operativos aplicados no parque de servidores, mas é a infraestrutura que nos apoia e justifica o esforço que colocamos nos alunos. Noutras apresentações sublinharam-se possibilidades de parcerias institucionais que podem apoiar e potenciar o nosso trabalho no terreno.



No que toca aos keynotes, David Justino deixou-nos, como é habitual, a pensar no que queremos dizer quando falamos de tecnologia na educação. Miguel Zapata-Ros aprofundou questões ligadas ao pensamento computacional. Confesso que tenho uma relação ambígua com esta ideia. Vejo-a muito falada, mas pouco citada em contextos de artigo. Talvez por ser muito recente, ou por como independente que sou não ter acesso aos repositórios internacionais pagos. Mas é sem dúvida um conceito intrigante, que consegue descrever a flexibilidade mental que nos é trazida pelo digital. Se bem que sempre que se entra em detalhes sobre as suas componentes apetece-me perguntar se os proponentes do pensamento computacional já pensaram em ir falar com as pessoas de belas-artes. Quando falam em iterações, tentativa-erro, pensamento divergente, colaboração, decomposição de problemas em partes, fico sempre com a intuição que é este o tipo de pensamento que quem trabalha em artes utiliza. Misturando pensamento computacional com extensões lógicas da incipente introdução à programação no primeiro ciclo, José Ramos encerrou o congresso.


As TIC em 3D também estiveram presentes. Infelizmente não a imprimir em 3D como gostaria, mas falou-se um pouco desta incipiente utilização de impressão 3D com crianças do ensino básico. Pelo que me constou, parece que a audiência gostou.

Muito poderia, e sê-lo-á, certamente, ser escrito sobre este primeiro congresso. A sua grande mais valia, a que senti como tal, foi poder conversar e trocar impressões com colegas interessantíssimos com que apenas me cruzo na vida digital. A equipe organizadora está de merecidos parabéns, especialmente a presidente da ANPRI, Fernanda Ledesma, cujo incansável esforço (muito do qual pouco visível mas fundamental) tem criado condições excepcionais para as TIC na Educação por cá. Fatigado mas inspirado depois destes dois intensos dias, resta-me dizer um... até ao 2.º congresso dos professores de informática?

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