Espaço dos projetos TIC em 3D, Fab@rts - O 3D nas mãos da Educação!, Laboratório de Criatividade Digital - Clube de Robótica AEVP e outros projetos digitais desenvolvidos no Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Own it.
Era assim que se utilizavam os computadores nos tempos primordiais do Eniac. Gosto de imaginar que estas operadoras estão a executar programas escritos por Von Neumann ou algumas das primeiras investigações de algoritmos evolutivos simuladores de vida de Nils Barricelli.
Os meus alunos sofrem um bocado com o meu gosto pela história da tecnologia digital. Estão eles prontos a ligar o computador e começar a fazer coisas e têm de me aturar em prelecções sobre como evoluiu algo que para eles sempre fez parte do seu ambiente. Penso que é importante perceber como é que evoluiu a tecnologia digital, porque é que surgiu, quais foram os passos que levaram a abstracção matemática de Leibniz a Turing a materializar-se. Sem muitos, detalhes, claro, porque não quero traumatizar crianças e sim, é muito mais importante fazer coisas. Mas também o é saber um pouco mais e ter noções sobre como nasceu a geografia dos espaços digitais.
Entretanto, vindo através do fluxo de feeds (sim, porque sou um fã incorrigível de RSS) apanhei este estado da arte vanguardista de tecnologias computacionais de 1900. Complexas máquinas de cálculo para tabulações, uma das raízes da computação que surgiu não pela vontade humana de partilhar fotos de gatos em redes sociais mas sim pelas necessidades de cálculo para navegação, criptografia e balística, entre outras aplicações. O admirável mundo digital em que vivemos foi uma consequência inesperada e de todo não planeada. Imaginariam os tabuladores de 1900, orgulhosos detentores destas engenhocas reluzentes de cobre, ou os simuladores de explosões atómicas em milhares de tubos de vácuo, que nos primórdios do século XXI estaríamos interligados, dependentes de sistemas digitais complexos e a temer as consequências da automação algorítmica/robótica? Alguns autores de ficção científica sim, tiveram essa intuição um pouco mais tarde, mas isso são outras conversas e uma perigosa aproximação à ideia elementar mas incorrecta que a FC é um oráculo preditor de futuros.
Porque é que é importante conhecer outros aspectos da tecnologia para além do seu uso? Suspeito que este poster da iFixit explica tudo. Saber como evoluiu e para que serviu ajuda-nos a conceber novos usos, novas vertentes. Apropriarmo-nos da tecnologia alarga o espectro das suas aplicações, liberta-a de estar limitida a uma elite rarefeita de iniciados nos seus arcanos mistérios ou controlada por interesses estritamente económicos. O Cory Doctorow explica isto muito melhor do que eu, mas digamos que partilho a visão do potencial da tecnologia como libertador da criatividade humana, e limitar os utilizadores é reprimir a evolução da tecnologia.
Não estou a querer entrar na visão romântica dos hackers que criam invenções capazes de mudar o mundo na sua garagem. É uma visão recorrente, mas falaciosa, para não dizer falsa. Note-se que para o Jobs e o Wozniak começarem a inventar na garagem teve de haver generais a apostar naqueles engenheiros estranhos que pegavam em tubos de raios catódicos para aplicar à lógica matemática. Mas... own it. O conhecimento é valioso. Façam takeown ou sudo à tecnologia para libertar o seu potencial e as vastas capacidades criativas humanas. Criatividade é o único recurso natural que não esgota, mas depende da energia que lhe é dada pelo conhecimento. Descobrir ideias gera novas ideias.
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