segunda-feira, 5 de junho de 2017

Impressão 3D na Educação @Funchal


Os desafios às TIC em 3D/Fab@rts levaram-nos esta semana à Região Autónoma da Madeira, para participar no II Encontro de Professores de Informática da RAM, representando o Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro, e partilhar as nossas experiências no domínio da modelação e impressão 3D com professores de informática, educação visual e tecnológica e educação tecnológica.


O encontro de Professores de Informática decorreu na EB/S Dr. Ângelo Augusto da Silva, Funchal. Apesar de estarmos lá presentes em demonstração, na zona de mostra de projetos, com uma impressora BEETHEFIRST gentilmente cedida pela BEEVERYCREATIVE para este evento, perdemos boa parte do encontro, que decorreu na manhã de dia 2. O motivo foi bom: fomos convidados pelo Dr. Rui Branco, coordenador do Gabinete de Modernização das Tecnologias Educativas da Secretaria Regional de Educação/DRE Madeira, a visitar o seu espaço.


Ficámos a conhecer este espaço dedicado à impressão 3D, robótica e programação, onde são concebidos recursos  pedagógicos digitais e testados materiais posteriormente disseminados pelas escolas da região. O modelo de trabalho é centralizado. No que toca à impressão 3D, que estão a iniciar com equipamentos Flashforge e XYZ, o seu projeto envolve colocar impressoras nas escolas centrais de cada concelho da região, onde os docentes das restantes escolas poderão imprimir os projetos dos seus alunos. Vimos alguns resultados de projetos de introdução desta tecnologia em contexto pedagógico, essencialmente lithopanes, meshmixes e modelação simples em Tinkercad. Pareceram-nos incipientes mas muito prometedores, testes em projeto que, de forma iterativa, darão progressiva experiência aos elementos do Gabinete para levarem longe a sua vertente de atuação.

Nós por aqui temos preferência por abordagens menos centralizadas, numa vertente grass roots, partilhando o nosso conhecimento para que os professores se sintam com vontade de arriscar e levar esta tecnologia para a sua prática pedagógica. No entanto, abordagens centralizadas também são uma forma pertinente de actuação, até porque permitem garantir acesso a um número mais elevado de equipamentos. Os projetos mais independentes têm sempre de lutar para adquirir equipamentos. Falámos um pouco com o responsável pelo projeto de Impressão 3D deste organismo, e ficámos bem impressionados com o dinamismo e capacidade técnica, bem como pela sua abordagem de projetos pontuais, adequados a necessidades expressas pelos grupos de professores e alunos com que tem trabalhado.


Mesmo assim, ainda tivemos oportunidade de ouvir as comunicações de Fernanda Ledesma, presidente da ANPRI, que falou das mudanças em curso na área disciplinar de TIC, reestruturando o seu currículo, e da necessidade de actualizar a oferta formativa específica para docentes que os capacite a preparar os seus alunos para responder às necessidades técnicas do mercado. Em seguida, Emanuel Garcês falou das vertentes do Projeto Cap3r, de introdução de robótica e impressão 3D nas escolas da RAM. As condições para inovação sustentada, ultrapassando paradigmas clássicos e respondendo a um futuro cujos desafios já sentimos hoje, estão a ser criadas quer a nível nacional quer regional. A um nível mais pessoal, ficamos sempre felizes sempre que mencionam o potencial do projeto de robótica educativa Anprino, a introdução de modelação 3D como parte do currículo da disciplina de TIC, e vemos o crescimento de projetos de impressão 3D na escola.


Em exposição na sala do encontro estavam cerca de vinte e sete projetos de inovação educacional das escolas da RAM. Havia um pouco de tudo, com projetos de backoffice e gestão documental (podem parecer menos importantes do que os pedagógicos, mas tudo o que facilite o trabalho documental do professor liberta-lhe tempo para a parte pedagógica), gestão de informação, segurança na Internet, Internet of Things e Impressão 3D. Na foto, um dos que considerámos mais interessantes: aproveitando a estrutura de jogo de um boardgame, um jogo de tabuleiro sobre as lendas e história da Região Autónoma da Madeira, com design de cartas, tabuleiro de jogo e peças impressas em 3D. Um de muitos projetos interessantes de inovação pedagógica com recurso às tecnologias que pudemos descobrir nesta mostra.


Solicitaram-nos que fizéssemos parte do júri de avaliação dos projetos divulgados. Não foi uma tarefa fácil, dada a sua diversidade de vertentes e abordagens. Esperamos não ter enviesado muito a votação, os três projetos que foram distinguidos envolviam de alguma forma a impressão 3D: o jogo de tabuleiro sobre a região da Madeira, lithopanes a transferir para 3D quadros famosos, permitindo a crianças invisuais ficar a conhecer as obras pictóricas, e um projeto que sublinha o fluxo de trabalho da modelação à impressão. Cada projeto premiado recebeu um Robot Anprino, e esperamos que nos tenha calhado fazer a entrega de um Anprino Arthur... mas não abrimos a caixa para verificar.


À tarde, hora de partilha.  Workshop de introdução à impressão 3D com um grupo de dezassete professores de informática.


Aproveitámos uma pequena pausa para café para registar a sessão. Estes workshops são intensos, e nunca dá para registar o que lá fazemos.


No dia 3, aquele que para nós foi o mais gratificante desafio deste ano, até agora: dinamizar um workshop de Impressão 3D para professores de EVT. As TIC em 3D nasceram em EVT, somos ex-professores desta área, e membros ativos da APEVT, mas ainda não tínhamos tido oportunidade para partilhar a experiência de impressão 3D neste âmbito. Foi, por isto, um momento muito gratificante, quase um regressar às nossas origens, e um cumprir dos objetivos que nos levaram à APEVT, o de mostrar a compatibilidade entre áreas artísticas e tecnológicas, atualizando conhecimentos, mostrando as ferramentas digitais como mais um meio válido de expressão ao serviço das aprendizagens dos alunos.


O desafio partiu da Fernanda Ledesma, sugerindo que uma vez que estaríamos no Funchal a dinamizar sessões no âmbito da ANPRI, poder-se-ia também organizar sessões em conjunto com a APEVT. João Baptista, presidente da APEVT-Madeira, aceitou o desafio e o resultado foi uma tarde de partilha inter-áreas, com dois workshops. Fernanda Ledesma dinamizou uma sessão de introdução ao Arduino com programação em Scratch for Arduino, e nós ficámos responsáveis pela impressão 3D.


Antes do início da sessão, nas instalações da escola Horácio Bento de Gouveia, Funchal, com os elementos da APEVT-Madeira.


Foi, como sempre, uma sessão intensa. Cobrimos a tecnologia de impressão 3D, uma introdução prática à modelação com o Tinkercad, demonstração de modelação com Sketchup Make, FormIt e 3DC.io, fluxo de trabalho de modelação - validação/correção e impressão, e implicações destas tecnologias na educação. Esperamos ter deixado a faísca do 3D nestes nossos colegas de EVT!

Não podemos deixar de agradecer à ANPRI pelo convite e desafio de partilha, à APEVT pelo acolhimento, e à BEEVERYCREATIVE pela ajuda na impressora. Passo a passo, partilha a partilha, faz-se crescer esta vertente da tecnologia na educação, desafiando cada vez mais professores para a colocar ao serviço das aprendizagens dos seus alunos.

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